A quarentena imposta pelo novo coronavírus fez com que muitas mulheres deixassem de ir ao médico. Com isso, o número de mamografias também reduziu. Entretanto, se o câncer de mama for detectado precocemente, as chances de cura são de 95%. O Eufêmea entrevistou a médica mastologista Shyrlene Santana que acredita que por causa da pandemia, os casos de câncer de mama serão diagnosticados já em estágio avançado, já que a procura por médicos e exames diminuiu.
De acordo com a pesquisa Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena, feita pelo Ibope Inteligência para a empresa Pfizer entre os dias 11 e 20 de setembro mostrou que 62% das entrevistadas não foram a seus médicos durante o isolamento social, por medo de contrair a covid.
Com isso, deixaram de fazer exames de rotina que poderiam ajudar na prevenção da doença. No grupo considerado de risco, que abrange as maiores de 60 anos, 73% afirmaram estar esperando o fim da pandemia para marcar uma consulta ou realizar exames de rotina.
A médica explicou que pelas estatísticas, o câncer de mama é o que mais mata as mulheres. “Na maioria das vezes ele é diagnosticado na fase tardia e quando a mulher percebe, ele já está numa dimensão maior”.
Segundo a mastologista, o único exame que comprovadamente consegue detectar as lesões no estágio inicial é a mamografia que deve ser feita a partir dos 40 anos.
Entretanto, em alguns casos – a depender do histórico familiar e do paciente – há uma antecipação desse exame.
“É recomendado que o exame seja feito a partir dos 40 anos porque a mulher vai ter uma densidade mamária grande. Se for feito antes, a mamografia não vai detectar muita coisa, mas a depender do paciente, aí sim precisamos fazer todo rastreamento”, justificou.
De acordo com a médica o principal fator de risco é o envelhecimento, seguido da obesidade e do sedentarismo. Especificamente nos cânceres de mama, com a obesidade o risco aumenta no período pós-menopausa. “Manter um peso saudável deve ser um compromisso para a vida inteira, principalmente após a menopausa”, recomenda a mastologista.
Questionada sobre os casos em mulheres mais novas, Shyrlene disse que há estudos que apontam que esse aumento de casos de câncer de mama nessas pessoas está ligado ao estilo de vida, a modernidade, a industrialização, entre outros fatores.
A mastologista chamou atenção para as mulheres que não fizeram os exames ainda e que não buscaram um médico. Conforme Shyrlene, a procura pela mamografia já era baixa e com a pandemia, o cenário ficou ainda pior.