A Câmara Municipal de Maceió (CMM) tem a bancada feminina mais jovem da história. As quatro integrantes têm entre 23 e 53 anos, e ocupam cargos eletivos pela primeira vez. O Eufemea conversou com as vereadoras sobre o desafio de ser mulher, estar na política e o conselho que elas dão para outras mulheres que também têm o desejo de ingressar na política.
Igualdade de gênero
Aos 35 anos, a advogada Gaby Ronalsa (DEM) afirma que o maior desafio é a igualdade de gênero, que apesar da popularização dos debates, combate ao machismo e ao assédio é uma das grandes lutas.
“As mulheres têm mais dificuldade de entrar e chegar a cargos de chefia, e ganham menos que os homens cumprindo a mesma função”, ela lembra.
Na opinião da vereadora, ter “coragem, persistência e muita certeza do que você quer, são alguns dos atributos que as mulheres que querem ingressar na política devem possuir”.
Gaby Ronalsa faz um apelo às mulheres para que “participem de movimentos, se engajem em causas, mesmo que ainda tímidas, a presença cada vez maior de candidatas é algo fundamental para o fortalecimento da democracia”, diz.
Determinação e voz
A advogada Olívia Tenório (MDB), de 28 anos, afirma que são muitos os desafios em ser mulher e estar na política e que ainda existem muitos preconceitos.
O resultado, ela ressalta, “deixa o Brasil na retaguarda em termos de representação feminina nos parlamentos, atrás de países como Afeganistão e Arábia Saudita”.
“Para mim, o maior desafio da mulher na política é quebrar essas barreiras que envolvem questões culturais, políticas, sociais, econômicas, institucionais e estruturais. Apesar de a mulher estar cada vez mais presente em todos os segmentos e de muitas serem chefes de família, ainda vemos uma sub-representação absurda nas esferas de Governo do Brasil. Apesar de já estar provado e comprovado que países/estados/municípios ou cargos representados por mulheres tendem a ter um nível de desenvolvimento e aprovação maior.”
Conselho da vereadora para as mulheres que desejam ingressar na política: ”Sim! Ingressem! Se engajem! Faça valer a sua vontade, determinação e voz. Preciso que as mulheres incentivem outras mulheres. Por muitos anos as mulheres não tinham direito a voz, a vez, a nada. Não podiam nem votar e até para viajar precisavam da autorização do marido”.
Olívia entende que “as coisas vêm mudando, embora ainda lentamente, mas o meu conselho para aquela mulher que gosta e se sente atraída a pleitear um cargo político é que elas devem, sim, fazê-lo. Devemos mostrar que somos capazes de fazer tudo que quisermos, sem discriminação de gênero.”
Aliança feminina
Em seu quarto mandato como vereadora da capital e com vários projetos e leis aprovadas voltadas à pauta feminina no currículo, Silvania Barbosa (PRTB) acredita que a maior barreira a ser vencida é conquistar a confiança de outros políticos, até mais do que a do eleitor.
O conselho da vereadora para mulheres que desejam ingressar na política é seguinte: “Coragem, perseverança e personalidade são características necessárias. Acredito na força e na aliança feminina como principais aliadas do nosso sucesso”.
Machismo
A vereadora mais jovem de Maceió, a estudante de Relações Internacionais Teca Nelma (PSDB), de 21 anos, conta que o principal desafio é lidar com o machismo, que ainda é muito presente em todas as esferas sociais e na política não é diferente. Ela afirma que a única forma de desfazer esse problema estrutural e cultural é cada vez mais mulheres participarem ativamente e ocuparem os espaços de poder.
“Essa resistência dos homens e dos partidos políticos em si, não se trata apenas de sexista. É um mecanismo masculino de proteção do poder. A entrada de mulheres acirra essa competição para os homens que já estão inseridos na política, até porque tradicionalmente as mulheres tendem a ser mais qualificadas”, diz Teca.
Outro fator importante que colabora para essa segregação, ela acrescenta, “é o fato de a mulher, tradicionalmente, não ser esperada nesses espaços, não apenas por uma questão histórica, mas também cultural de que a mulher deveria, supostamente, apenas ficar em casa e cuidar da família.”
Conselho da vereadora para as mulheres que desejam ingressar na política: “Mesmo diante das adversidades, não desistam. Precisamos continuar lutando para apoiar essas candidaturas e não só cumprir com os números”.