Oi Bonitas, vocês sabiam a importância que o batom vermelho tem para expressar a liberdade e combate à opressão e violência contra nós mulheres?
No texto de hoje, quero abordar com vocês a relação do batom vermelho com as lutas emancipatórias das mulheres, mostrando a história desse item de beleza que um dia foi de uso proibido, passando, nos dias atuais, a um símbolo da luta contra a violência doméstica.
Por muitos anos, o batom vermelho faz parte do universo feminino. Existem relatos históricos que esse produtinho já estava nos lábios do povo sumério mais de 3.000 anos antes de Cristo. Feitos de forma artesanal, também há quem diga que o início da pintura labial se deu no Egito Antigo, onde homens e mulheres usavam uma mistura de ocre vermelho, carmim, cera e gordura para deixarem suas bocas avermelhadas.
Atualmente, escolhemos de forma livre o batom e as cores que queremos usar no nosso dia a dia. Muito além de um produto necessário em qualquer bolsa, o batom já foi símbolo de revolução, de liberdade feminina e, atualmente, é usado no movimento que sinaliza a violência doméstica.
Porém por muitos séculos o uso do batom vermelho não era considerado item de beleza como atualmente. Em determinado período ele foi usado como forma de segregação social, determinação de classes e meio de identificação de prostitutas. Mulheres eram proibidas de usá-los publicamente e até passar o batom em locais públicos era considerado imoral.
Mas as coisas foram mudando e as mulheres começaram a utilizá-lo como forma de expressar resistência feminina. Em 1912 foi registrada a primeira manifestação de mulheres com o batom vermelho – as sufragistas tomaram as ruas de Nova York usando o produto na boca, fazendo com que o batom se tornasse o símbolo de liberdade e rebelião feminina, depois de séculos de proibições morais, machistas e religiosas.
Até hoje podemos ver a utilização do batom vermelho em campanhas sociais importantes.
A mais recente delas é o movimento “sinal vermelho”, que foi criado em 2020 devido ao aumento de casos de violência doméstica registrados durante a pandemia.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o índice de feminicídios aumentou mais de 22% durante o período de isolamento social. A campanha traz como símbolo principal o sinal do “X” feito com o batom vermelho na palma da mão da mulher.
O intuito é que mulheres que sejam vítima de violência doméstica consigam pedir ajuda em lugares públicos como farmácias, órgãos públicos e agências bancárias ao mostrarem o sinal vermelho na palma da mão. Os atendentes são treinados a identificar o pedido de ajudar e acionar a polícia.
Como funciona a Campanha
- O sinal “X” feito com batom vermelho (ou qualquer outro material) na palma da mão ou em um pedaço de papel, o que for mais fácil, permitirá que a pessoa que atende reconheça que aquela mulher foi vítima de violência doméstica e, assim, promova o acionamento da Polícia Militar.
- Atendentes recebem cartilha e tutorial em formato visual, em que são explicados os fluxos que deverão seguir, com as orientações necessárias ao atendimento da vítima e ao acionamento da Polícia Militar, de acordo com protocolo preestabelecido.
- Quando a pessoa mostrar o “X”, o atendente, de forma reservada, usando os meios à sua disposição, registra o nome, o telefone e o endereço da suposta vítima, e liga para o 190 para acionar a Polícia Militar. Em seguida, se possível, conduz a vítima a um espaço reservado, para aguardar a chegada da polícia. Se a vítima disser que não quer a polícia naquele momento, entenda. Após a saída dela, transmita as informações pelo telefone 190. Para a segurança de todos e o sucesso da operação, sigilo e discrição são muito importantes. A pessoa atendente não será chamada à delegacia para servir de testemunha.
- Se houver flagrante, a Polícia Militar encaminha a vítima e o agressor para a delegacia de polícia. Caso contrário, o fato será informado à delegacia de polícia por meio de sistema próprio para dar os encaminhamentos necessários – boletim de ocorrência e pedido de medida protetiva.
Para mais informações sobre a campanha e como aderi-la acesse: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/violencia-contra-a-mulher/campanha-sinal-vermelho/
Como posso ajudar?
Ao ver uma mulher com a marca da campanha denuncie. A denúncia pode ser feita anonimamente. Em Alagoas, diversas instituições contribuem no combate à violência contra à mulher. Aqui vão alguns telefones e APPs para que você possa denunciar quando se deparar com uma situação de violência doméstica:
180 – Central de Atendimento À Mulher
190 – Polícia Militar (Patrulha Maria da Penha)
129 – Defensoria Pública
3315-4976 – Delegacia da Mulher Maceió
3521-6318 – Delegacia da Mulher Arapiraca
APP Proteção Mulheres – Ministério Público de Alagoas
Mulheres apoiam mulheres. Divulgar a campanha “sinal vermelho” já é uma forma de contribuir nessa luta. A sua iniciativa pode transformar a vida de uma mulher que é vítima de violência doméstica e que, talvez, você nunca saberá que ajudou.
E se você que está lendo este texto é vítima de alguma forma de violência, use e abuse do seu batom vermelho, mesmo que seja para pedir ajuda. Nenhuma mulher deve sofrer qualquer tipo de violência ou opressão.