Ísis Florescer é a primeira mulher trans escritora de Alagoas a publicar uma obra. O livro Segunda Pele foi lançado no último dia 26, no Parque Shopping Maceió e, segundo ela, é “um convite para mergulhar nas camadas mais profundas do ser”.
Ao Eufemea, Ísis contou que o livro representa uma mudança de paradigma sobre a vida das mulheres trans e travestis. “Já que que coloca uma mulher trans criando e protagonizando através de seus poemas novas narrativas e possibilidades de sobrevivência”.
Segundo a escritora, é relevante e simbólico que uma mulher trans preta e periférica possa ocupar um espaço que historicamente não inclui corpo e trajetórias dissidentes do padrão de gênero cisheteronormativo.
O livro
Em 2020, o livro de Ísis foi contemplado no edital de Cultura Aldir Blanc. De acordo com ela, o livro foi possível graças s ao encontro artístico com Bruca Teixeira, editora da Sapatilhas de Arame, que aposta em artistas e temas que abordam a diversidade de gênero, raça e de orientação sexual.
O livro tem um preço acessível de R$25 reais e está disponível no site da editora Sapatilhas de Arame. Ele também pode ser solicitado pelo perfil da autora no Instagram @isisflorescer.
Segunda Pele nos carrega num passeio cíclico, em espiral que nos desloca do lugar comum – dessas normalidades impostas nas ruas -, e que ela leva nos olhares que recebe. Ísis nos convida ao abismo com olhos iluminados e sabor de sedução na letra e seguimos degustando sem perceber o que nos aguarda com esfoliar da sua pele.
“Quero viver sem medo”
Sobre ser a primeira mulher trans de Alagoas a publicar uma obra, Ísis é enfática ao dizer que “antes de ser vista e marcada por categorias de gênero, raça e sexualidade”, ela é uma mulher que busca viver sem medo, livre de preconceitos e discriminações, desejando ser feliz nas realizações pessoais e coletivas.
“No momento escrever tem sido uma forma de permanecer viva e inventando maneiras de fazer parte de um mundo que insiste em invisibilizar e desumanizar mulheres trans e travestis. Penso em permanecer usando as linguagens artísticas para trazer provocações e reflexões sobre os desafios que enfrento”, conclui a escritora.