Foto: Sandro Lima
O número de mulheres na política ainda é baixo. E esse cenário não é só em Alagoas, mas no Brasil. O estímulo às candidaturas femininas e ao voto em mulheres estão entre as preocupações principais das procuradoras da Mulher do Legislativo brasileiro que se reuniram na Câmara dos Deputados ontem (07). Mas afinal, por qual motivo não pensamos em mulheres para que elas ocupem cargos na política?
Ao Eufemea, a professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e doutora em Ciência Política, Luciana Santana, explica a inserção da mulher na política em Alagoas e no Brasil.
Luciana avalia que, assim como em todo país, a inclusão feminina no âmbito político alagoano é complexo e com barreiras que impedem o mesmo nível de competitividade que as candidaturas de homens.
Invisibilidade feminina
“Alagoas reproduz o que acontece nacionalmente. Por isso, acabamos vendo um número muito baixo de representação feminina nos diversos espaços de atuação que poderiam ter potencialmente mulheres”, reforça.
Ela destaca que não se trata de falta de qualificação, já que mulheres têm as mesmas habilidades que os homens. No entanto, elas acabam não tendo a mesma oportunidade para estarem nesses espaços, sejam os cargos eletivos ou cargos não eletivos.
“Temos uma situação dramática em relação as mulheres que são muito inviabilizadas dentro de todo sistema político brasileiro”, diz.
Divisão social e machismo
Luciana enfatiza que os principais desafios que as mulheres enfrentam atualmente na política é combater os próprios desafios que existem na sociedade. Ela analisa que devido ao machismo, existe baixo reconhecimento por parte dos eleitores sobre as competências das mulheres para concorrerem os cargos.
Para a especialista, as mulheres encontram barreiras na divisão social do próprio trabalho e são impedidas de participarem ativamente da política. Portanto, a mulher acumula responsabilidades em detrimento da maioria dos homens e por isso não consegue tempo disponível para se dedicar ao meio política.
“A mulher, majoritariamente, ainda é responsável pelos cuidados familiares, os cuidados das crianças, maridos, idosos, além da dedicação que tem com as próprias atividades profissionais”, destaca.
Questionada sobre a principal barreira para inserção do público feminino na política, Santana aponta que são os próprios partidos políticos. “Eles dão pouco espaço para que as mulheres tenham visibilidade necessária e tenham competitividade que a garantam ser eleita. É isso que acontece em todo país, é isso que acontece em Maceió”, diz.
Inclusão política
Mesmo com as recentes políticas de Estado que objetivam facilitar a inclusão da mulher, Luciana considera que são insuficientes para garantir a ampliação feminina nos espaços políticos de forma efetiva.
“Precisamos de mais que esses incentivos, precisamos de uma mudança de mentalidade na sociedade, reconhecimento e valorização da capacidade das mulheres de estarem nesses espaços”, destaca.
Nesse sentido, a especialista afirma ainda que as mulheres são as principais usuárias das políticas públicas do país, consequentemente deveriam estar nesses espaços de representação para discutir e ter legitimidade.
“Os meios para facilitar a inclusão da mulher depende especialmente de uma mudança de mentalidade que não é algo que acontece a curto prazo, demanda esforços mais longos”, conclui.