Fotos: Itawi Albuquerque/Secom Maceió
A Prefeitura de Maceió lançou, em abril, a campanha ‘Maceió Sem Assédio’. O objetivo da campanha é levar segurança para mulheres em estabelecimentos da capital e protegê-las de qualquer tipo de violência. No entanto, a ação vai além dos estabelecimentos. Nas festas de São João da Prefeitura que começam nesta quarta-feira (15) em Maceió, a campanha também se fará presente.
Ao Eufemea, a coordenadora do Gabinete Integrado de Políticas Públicas para Mulheres, que idealizou o projeto, Ana Paula Mendes, fala sobre a iniciativa.
A proposta acompanha um conjunto de medidas para segurança do público feminino em locais, como bares, restaurantes, casas de shows, de eventos, noturnas, restaurantes e estabelecimentos similares na capital.
Bebida alcoólica aumenta chances de ocorrer assédio
Segundo Ana Paula, devido a ausência de pesquisas estaduais, a capital não possui estatísticas a respeito dos assédios sofridos por mulheres em estabelecimentos de Maceió.
“Nosso embasamento é nacional, onde em uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 37,9% das brasileiras foram vítimas de algum tipo de assédio sexual, entre junho de 2020 e junho de 2021, o equivalente a 26,5 milhões de mulheres em 12 meses”, relata.
De acordo com a coordenadora, os estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e casas de show são os focos principais devido aos altos índices de crimes de assédio, onde leva-se em consideração fatores como bebidas alcoólicas e músicas.
“A cada segundo uma mulher é assediada no Brasil e a cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro”, destaca.
“Maceió Sem Assédio” no São João de Maceió
Nesta quarta-feira (15), inicia a programação oficial das festas juninas organizadas pela Prefeitura de Maceió. O ‘Massayó: Sol… Mar… Forró’, maior São João do Litoral do Nordeste, começa com o “Forró no Biu”, que vai de 15 a 19 de junho, em uma estrutura montada na Praça Padre Cícero.
A coordenadora do Gabinete explicou ao Eufemea que durante as festas de São João, a campanha também vai acontecer.
“Vamos promover a divulgação do protocolo de acolhimento seguro e humanizado, apoiando a mulher em situação de vulnerabilidade, vítima de importunação sexual, assédio sexual, estupro, dentre outros crimes sexuais. Garantindo eficaz auxílio e proteção, dentro das dependências do São João de Maceió”, afirma.
Ela explica que, além de servir como apoio, será também ponto de denúncia de situações que possam configurar risco para as mulheres.
Empresas parceiras da campanha
Atualmente, há mais de 100 estabelecimentos comerciais já capacitados para atender mulheres diante de casos de assédio, em Maceió.
Entre as atividades previstas na campanha para levar informação a esses locais, estão oficinas de capacitação para funcionários das empresas parceiras, com trabalhadores de cada bar e restaurante. Durante os encontros, foi apresentado um protocolo para acolhimento humanizado das possíveis vítimas e medidas para nortear os estabelecimentos em casos assim.
Para identificar o projeto nesses espaços, Ana Paula esclarece que são entregues selos de “empresa amiga da mulher”, que devem ficar visíveis, e realizadas visitas pela Prefeitura nos locais parceiros com o objetivo de levar informação aos administradores e fiscalizar a execução do protocolo de acolhimento.
A campanha ainda prevê atribuições às empresas parceiras, como afixação de avisos e painéis com orientações às mulheres que se sintam em situação de risco, como por exemplo, nos banheiros femininos e em demais locais visíveis a todos os seus clientes.
Além de ter disponível pessoas de responsabilidade do estabelecimento para acompanhar mulheres que se identificarem em situação de risco, até o seu veículo ou local de embarque em outro meio de transporte público ou particular.
“Sabem que serão punidos por isso”
O gerente do restaurante SantOrégano, Adriano Morais, conta que o estabelecimento decidiu participar após receber convite da Abrasel. “Nós aceitamos porque sabemos que em bares e restaurantes acontece muito esse tipo de caso”.
Ele afirma que a campanha está sendo muito proveitosa. “Aprendemos como lidar e como tratar de forma adequada esse casos. É algo muito comum, que acontece tanto entre colaboradores como clientes”.
Para Adriano, o selo e os materiais informativos espalhados pelo local expondo que o estabelecimento está apto para atender esse tipo de ocorrência acabam inibindo os assédios.
“Não recebemos denúncia até agora, mas acredito que justamente por termos informações e os alertas pelo local já evitam que ocorra, porque as pessoas sabem que serão punidos por isso”, complementa o gerente.
