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Cozinheira baiana conquista paladar de Anitta em Paris: “comida brasileiríssima”

Quando chegou para mais um dia de trabalho em seu restaurante La Bahianaise, em Paris, no último domingo (3), a chef baiana Mariele Góes, 34 anos, nem imaginava que teria a oportunidade de ver a sua comida encantar uma das maiores estrelas do pop na atualidade. Tudo começou quando a cantora Anitta, que está em turnê pela Europa e passava por Paris, fez uma postagem nos stories de seu perfil no Instagram, pedindo que os seguidores lhe indicassem restaurantes brasileiros na cidade.

A publicação da artista foi a deixa para amigos, conhecidos e clientes de Mariele recomendarem o seu restaurante, fazendo um burburinho que chamou a atenção de Anitta. Assim, ela escolheu o La Bahianaise para entregar o seu almoço e de sua equipe naquele dia.

Em entrevista, Mariele conta que foi a própria Anitta quem fez contato através de áudios pelo direct do perfil do restaurante no Instagram. “Ela foi muito simpática e disse que queria algo bem caseiro, simples e sem frescura, como se fosse comida de mãe, de vó”, lembra a chef.

“Comida brasileira delícia”

Para matar a saudade do tempero brasileiro, a cantora escolheu um clássico da nossa culinária: feijoada, arroz e farofa. Outras delícias como pudim, mousse de maracujá, coxinha e pão de queijo completaram o pedido.

Mariele foi pessoalmente entregar e, no perfil do restaurante, publicou uma foto onde aparece, com sua equipe, ao lado da artista. Na publicação, Anitta comentou “Delíciaaaaa”.

A cantora também compartilhou o momento da chegada do seu almoço gravando um story. “Chegou a comida brasileira tão esperada. Muito obrigada a todo mundo que fez chegar ‘o arroba’ deles para a gente. Vamos comer comida brasileiríssima”, disse Anitta, bem animada

Do jornalismo gastronômico para as cozinhas de restaurantes

Natural de Salvador, Mariele se formou em jornalismo e, em 2013, se mudou para São Paulo para participar de um programa de trainee de uma editora de revistas. Lá, ela teve a oportunidade de fazer matérias sobre gastronomia e também participar da atualização do banco de receitas de um dos sites da editora.

Escrevendo sobre comida, a baiana, que sempre gostou de cozinhar, se aproximou ainda mais dessa paixão e resolveu fazer faculdade de gastronomia na capital paulista para ampliar seu conhecimento na área e se especializar. Não demorou muito e logo decidiu mudar de profissão.

“No final do primeiro semestre de gastronomia, surgiu uma oportunidade para trabalhar como auxiliar de cozinha em um hotel. Não pensei duas vezes, larguei meu emprego como jornalista e fui”, recorda. Mariele conta que se encontrou na gastronomia e que depois dessa vieram outras experiências, como uma passagem pelo badalado restaurante D.O.M, do chef Alex Atala.

Em 2016, ela concluiu a faculdade e partiu rumo a Paris com a intenção de ficar um ano para complementar os estudos numa das mais conceituadas escolas de gastronomia da França, a École Ferrandi. Durante o curso, ela conseguiu um estágio em um restaurante de lá, no entanto a experiência negativa com um chefe abusivo a fez desistir da oportunidade.

Para garantir seu sustento no exterior e bancar as despesas da viagem, ela começou, então, a fazer e vender, em casa mesmo, acarajé. Com esse quitute baiano, ela foi formando uma clientela, tanto de franceses que não conheciam a iguaria quanto de brasileiros que viviam por lá. Assim, Mariele percebeu uma oportunidade de levar a comida tipicamente brasileira para a França e decidiu morar em Paris.

Acarajé, feijoada e pastel de feira fazem a fama da chef O restaurante La Bahianaise fica dentro de um mercado municipal de Paris, o Marché Saint Quentin Imagem: Acervo pessoal Da venda de acarajés e do boca a boca que surgiu a partir disso, Mariele começou a receber convites para participar de eventos em restaurantes locais até montar o seu próprio em 2018. “Na época, para conseguir o ponto eu tive que fazer literalmente uma vaquinha. Peguei dinheiro emprestado com meu pai e com amigos. Não foi um começo fácil, porque já comecei endividada, mas graças a Deus consegui pagar todo mundo”.

Funcionando de terça a domingo, o La Bahianaise fica dentro de um mercado municipal de Paris, o Marché Saint Quentin, e possui 23 m2, com 18 assentos (8 em mesas e 10 no balcão). Mariele diz que, apesar do espaço pequeno, consegue ter um público ampliado porque existe uma praça de alimentação dentro do mercado.

“Assim, as pessoas podem comprar no restaurante e ir para lá. Isso me ajuda e permite, por exemplo, que eu consiga atender 200 pedidos num sábado movimentado e não somente 18”, afirma a chef. Entre os destaques do restaurante, estão o acarajé que fez a fama da baiana em Paris, mas também a feijoada e o tradicional pastel de feira.

*com Universa