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O Agosto Lilás traz a urgência da campanha de conscientização sobre violência contra mulheres. Já em julho os alagoanos se chocaram com a notícia de três vítimas de feminicídio, um crime que acontece todos os dias no Brasil. A campanha desse ano “grita” Pelo Direito à Vida das Mulheres e reforça a hashtag “parem de nos matar”.
A professora e coordenadora do grupo de pesquisa Carmim Feminismo Jurídico, Elaine Pimentel, afirmou que os casos recentes de feminicídio não têm relação entre si, mas talvez tenha chamado mais atenção da sociedade porque eram mulheres de classe média, de escolaridade alta.
“Mas, mulheres são mortas todos os dias – mulheres da periferia, anônimas, cujas tragédias não chegam ao conhecimento da mídia. Então, essa é uma tragédia generalizada que não tem classe social, mas atinge, de uma maneira muito mais peculiar, às mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica e essa vulnerabilidade é racial e social”, destacou.
A fala da docente corrobora com um debate necessário em todas as esferas e esse mês, especificamente, a Ufal vai destacar o tema em diversas vertentes. Para chamar atenção da campanha, as redes sociais oficiais e o site da instituição vão se pintar de lilás e muitos dos conteúdos informativos darão espaço para pesquisadores e estudantes que têm a vida acadêmica voltada para compreender os aspectos sociais, políticos e econômicos que estão por trás da violência contra as mulheres.
“Estamos formando profissionais de todas as áreas e o tema da violência contra as mulheres perpassa por todos os campos, está presente na vida das pessoas de várias formas. É fundamental que esse tema seja debatido e que a nossa universidade dê o devido espaço a esse tema tão relevante”, reforçou Elaine.
Engajamento
Todos os anos a Ufal mantém o compromisso com o debate e as ações pelas mulheres. A Universidade participou no último mês de julho de uma reunião no Ministério Público (MPAL) com o objetivo de criar um protocolo de intenções para que instituições e entidades assumam a responsabilidade de assistir melhor as vítimas.
O grupo de pesquisa Carmim, a Liga Acadêmica de Estudos sobre os Direitos das Mulheres e o projeto de extensão Lugar Delas representaram a Ufal no Ato Público ocorrido em várias cidades alagoanas Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Nos dias 9 e 10 de agosto será realizado o Congresso Alagoano de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, no auditório da Justiça Federal de Alagoas. O evento em parceria com o Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) vai contar com palestrantes de diversos segmentos que atuam na defesa das mulheres. Para se inscrever e saber mais, clique no link
“A gente espera que tenha uma participação substancial de estudantes, pesquisadores, de integrantes de movimentos sociais e de uma série de pessoas interessadas da sociedade como um todo para que os temas sejam exaustivamente debatidos e haja uma contribuição para o enfrentamento à violência”, disse Elaine.
Agosto Lilás estimula denúncias
Agosto é dedicado à campanha porque é o mês de aniversário da Lei Maria da Penha, sancionada no dia 7 de agosto de 2006. A Lei é uma homenagem à mulher que ficou paraplégica em consequência das agressões do marido e que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), 15 casos de feminicídio foram registrados entre os meses de janeiro e junho deste ano, além dos três ocorridos em apenas uma semana no mês de julho. O Estado é o que mais apresentou aumento nas taxas de homicídios de mulheres no Atlas da Violência, publicado em 2019, sendo 33% de crescimento se comparado ao ano anterior.
Mas o crime de feminicídio pode ser evitado. Disque 180 é o apelo do Agosto Lilás anualmente. O número para acionar emergência policial está estampado nos materiais ilustrativos da campanha para que os casos de violência cheguem às autoridades responsáveis e não resultem em mais mortes de mulheres.
Em Alagoas, a Patrulha Maria da Penha tem a missão de fiscalizar o cumprimento das medidas protetivas por meio de visitas às vítimas de violência doméstica que foram encaminhadas pelo Poder Judiciário. Em quatro anos de trabalho há um dado que motiva o trabalho diário da equipe: é zero o número de feminicídio e reincidência de violência entre as 1.859 mulheres que são ou foram acompanhadas pelas equipes do projeto. Esta é a luta diária, de todos os meses, sejam eles lilás ou não.
*com Assessoria