Foto: Caio Loureiro
Após 11 anos, o Conselho de Sentença da 5ª Vara Criminal de Arapiraca condenou a 26 anos e 15 dias de reclusão, o ex-cabo da Polícia Militar, José Cabral do Nascimento, acusado de matar a esposa Claudenice de Oliveira Pimentel e tentar matar a filha dela que na época tinha 14 anos.
Ao Eufêmea, Claudiane Oliveira Pimentel Fabricio, irmã da vítima, contou que o relacionamento de Claudenice e do ex-cabo da PM era conturbado e que a irmã tentava esconder isso da família.
“Ela chegava com marcas de agressões e começamos a desconfiar, mas ele ameaçava toda família. Para proteger ela se submeteu as traições, agressões e pressões psicológicas. Ela achava que ele poderia mudar, mas isso é uma ilusão das mulheres que sofrem violência”, falou.
Claudiane disse que José Cabral sempre demonstrou ser ciumento e controlador desde o início do relacionamento.
Ela contou à reportagem que quando o relacionamento do casal terminou, José não aceitou e chegou a invadir a casa da ex-esposa, mas que ao chamar a polícia, ‘nada foi feito’. “Minha irmã chamou a polícia, mas os policiais não tiraram ele porque não acharam elementos para isso. Minha irmã falou na frente da filha que se preparasse porque a polícia iria buscar somente o corpo dela”.
Filha da vítima foi obrigada a beber gasolina
No dia do crime, o ex-cabo da PM colocou fogo na casa, ateou fogo à mulher e tentou matar a sobrinha estrangulada.
A filha de Claudenice de Oliveira sobreviveu, mas teve alguns problemas por causa da gasolina que foi obrigada a tomar e a fumaça que inalou. “Ela passou 45 dias no hospital, teve problemas no estômago por causa da gasolina e no pulmão por causa da fumaça. É um milagre ela estar viva”.
Quem era Claudenice
Claudenice era professora de matemática e química da rede estadual e municipal. Independente, criativa, cheia de vida. “Ela também era diretora da escola da minha mãe. Tinha um papel importante na educação de Arapiraca”.
Além disso, a irmã reforça que Claudenice era uma pessoa boa que ajudava os outros. “Ela deu várias bolsas de estudos na escola da mãe, era criativa e independente. Não vamos jamais esquecer dela”.
Sensação de alívio
Após o julgamento que ocorreu nesta terça-feira (22), Claudiane disse que a família sentiu ‘um pouco de alívio’. “A justiça foi feita”, disse. Mas ela acredita que a pena poderia ter sido maior.
“Houve muita demora na Justiça. Esperamos 11 anos, mas não cansamos. O Judiciário precisa entender que essa demora só protege o agressor e dá a ele a ideia de que não vai ser punido”, reforçou.
Agora, com a condenação, a irmã diz que “essa era a última coisa que a família poderia fazer pela Claudenice: justiça”.