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Caso Mércia: após sete anos do crime, Davi Boiadeiro é condenado por homicídio de enfermeira, em Batalha

Foto: Anderson Macena

Nessa segunda-feira (31), foi condenado, a 16 anos e seis meses de prisão, o réu Davi Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Davi Boiadeiro, acusado pelo homicídio, por motivo torpe, da enfermeira Mércia Ladislau Gomes, 46 anos. O caso aconteceu em dezembro de 2015, no município de Batalha, Sertão alagoano. O julgamento aconteceu em Maceió.

Após a sustentação da acusação, feita pelo promotor de Justiça, Ary Lages, auxiliado pelas advogadas Janine Nunes e Júlia Nunes, o conselho de sentença decidiu por sua condenação. O primo de Davi Boiadeiro, Thiago Lucas, que conduziu o veículo usado para a fuga do autor do crime, foi condenado a 15 anos e nove meses de reclusão.

O júri, que aconteceu após sete anos, foi acompanhado por familiares da vítima. 

As irmãs e advogadas Janine e Jhulia Nunes entendem que a justiça foi feita mas discordam, em parte, da sentença.

“Estamos felizes com a condenação, mas acreditamos que deveria ser maior. Não concordamos com a atenuante dada ao Davi quanto à ter cometido o crime sob o domínio de violenta emoção, e logo em seguida a injusta provocação da vítima. Uma vez que a vítima não provocou, não tinha desavença alguma com o executor”, afirmam as advogadas assistentes de acusação Janine e Júlia Nunes.

“Davi boiadeiro” sentou no banco dos réus virtualmente, de dentro do sistema prisional, enquanto o primo Thiago Lucas, que respondia em liberdade, se deu ao  direito, permitido por lei, de não comparecer ao julgamento. Ele alegou à defesa ser inviável porque estaria trabalhando como caminhoneiro.

O advogado de defesa dos réus, Raimundo Palmeira, teria cogitado a possibilidade de anulação do júri tomando como base a ausência de Thiago, mas o entendimento foi superado pela acusação e acatada pelo juiz Braga Neto.

Para o promotor  Ary Lages, o Conselho de Sentença alcançou com sensatez o sentimento de fazer justiça e ela aconteceu.

“Foi um júri delicado, inclusive desaforado, mas acreditamos o tempo todo que o resultado seria a condenação dos réus, até porque foi um crime bárbaro vitimando uma mulher indefesa. A sociedade queria uma resposta com efeito de justiça e demos. A família queria sentir essa justiça e prometemos que lutaríamos para que as lágrimas derramadas fossem convertidas em alívio. E, apesar de não terem mais como abraçar Mércia, abraçaram-se em nome dela. O Ministério Público atuou com afinco e para mostrar às pessoas que, de fato, o crime não compensa”, declara o promotor Ary Lages.

O caso

A enfermeira Mércia Ladislau Gomes, de 46 anos, foi morta na madrugada  do dia 20 de dezembro de 2015 no município de Batalha. De acordo com a Delegacia Regional do município Batalha, a suspeita é a de que a vítima tenha sido morta para defender o marido.

Segundo a polícia, a enfermeira e o seu marido estavam em um posto de combustíveis quando seu companheiro e outro homem, identificado como “Davi Boiadeiro” – que estava bebendo na loja de conveniência do posto – começaram a discutir.

Após a discussão, o casal decidiu ir embora do posto, mas foi perseguido pelo acusado, que efetuou os disparos dentro da residência da vítima. 

Mércia Gomes chegou a ser socorrida para a Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes de receber socorro médico.

O marido da vítima, que prestou esclarecimentos ao delegado na época, disse que chegou a acionar a polícia, mas o acusado já havia fugido.

Davi Boiadeiro já era conhecido da polícia e acusado de outros crimes. Ele chegou a ser preso, depois condicionado ao uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, Boiadeiro desativou e rompeu o equipamento e fugiu. Ele foi localizado na cidade de Garanhuns, após cometer uma tentativa de homicídio.

Davi e o comparsa, seu primo Thiago Lucas, passaram alguns dias foragido, mas confessaram o crime logo após serem capturados. Atualmente, Thiago responde pelo crime em liberdade e poderá recorrer da sentença.