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Tudo o que você precisa saber sobre a Fibromialgia: sintomas, tratamento, gerenciamento da dor, aposentadoria

Dor generalizada, fadiga, dificuldade para dormir, ansiedade, depressão… Apesar de apresentar uma extensa lista de sintomas, a fibromialgia ainda é uma doença pouco compreendida e difícil de diagnosticar. O que se sabe até agora é que ela é uma condição crônica que afeta a saúde mental e física que pode estar relacionada a fatores como alterações no sistema nervoso central, problemas de sono, baixos níveis de atividade física e estresse emocional.

De acordo com dados do estudo ‘A prevalência da fibromialgia no Brasil’, estima-se que cerca de 4 milhões de pessoas no Brasil sofram com a doença. Embora a fibromialgia seja mais comum entre as mulheres, homens e crianças também podem desenvolver a condição, cujo diagnóstico, em geral, pode ser demorado e requer mais de uma visita ao médico.

A autônoma Silvia Maia é uma das pessoas que convive com a condição há mais de vinte anos e, acredite, a incerteza do diagnóstico perdura até hoje. “Sempre senti dores fortes pelo corpo todo e não lembro nem ao certo quando começou. Fazia pilates e faltava com frequência por conta dessas dores, mas como eu tenho hérnia de disco, atribui a isso. A professora me chamou atenção para a existência dessa doença que era desconhecida até então e pediu para eu procurar ajuda médica, uma vez que minhas dores não eram condizentes com a hérnia”.

Recentemente, um novo sintoma levou dúvida ao diagnóstico e fez Silvia acender um alerta. “Surgiram uma erupções na minha pele e a dermatologista solicitou uma punção, o resultado foi compatível para Lúpus e começamos a suspeitar que os outros sintomas também podiam ser atribuídos a isso. Me solicitaram agora 17 exames para conseguir mais certeza sobre a minha condição e estou agora nesse processo”, afirma Maia.

De acordo com a médica reumatologista, Juliana Leal, o diagnóstico às vezes se torna difícil por ser exclusivamente clínico, não havendo exame específico para detectar. “O paciente precisa ser muito bem avaliado, pois a doença tem sintomas que se assemelham a muitas outras, nos cabendo fazer uma ampla investigação para descartar outras causas”, afirma.

Dra. Juliana Leal, médica reumatologista

“Avaliamos os vários domínios do paciente, como a dor, fadiga, alteração cognitiva, alteração do sono, algumas síndromes e outros distúrbios que podem estar associados, como síndrome do intestino irritável, cistites irritativas e outras alterações. Também identificamos os sítios de dor no corpo como um todo e atribuímos pontuações avaliando locais e sua gravidade”, completa Juliana.

O tratamento da fibromialgia geralmente envolve uma combinação de abordagens que variam de acordo com as necessidades do paciente. A sua base principal é o exercício físico, psicoterapia para que ele entenda e saiba lidar com a dor crônica, além de medicações que podem ser relaxantes musculares, analgésicos, algumas classes de anticonvulsivantes e antidepressivos. Além disso, acupuntura, fisioterapia e yoga, podem ajudar a aliviar a dor e melhorar o bem-estar geral.

“Uma das grandes dificuldades que encontramos no restabelecimento da qualidade de vida dos pacientes se dá quando eles dependem do SUS, porque, infelizmente, as políticas públicas não têm acompanhado a evolução da orientação do tratamento que é multiprofissional, é necessária uma equipe ampla que envolve fisioterapeuta, médico, profissional de educação física, psicólogo, tudo para que se possa abordar as dor das mais diversas formas”, completa Juliana Leal.

As pessoas com fibromialgia podem experimentar uma ampla gama de sintomas, que podem incluir:
– Dor generalizada: é muito comum e pode ser sentida em várias áreas do corpo, incluindo o pescoço, os ombros, as costas, cabeça, as pernas e os quadris. A dor pode ser aguda, latejante ou contínua e pode se intensificar com o movimento.
– Dificuldade para concentrar, esquecimento e problemas de memória.
– Ansiedade e depressão: a dor crônica, a fadiga e a dificuldade para realizar tarefas diárias podem levar a problemas de saúde mental.
– Dificuldade para dormir: a dor e a ansiedade podem dificultar o sono, o que pode piorar ainda mais a fadiga e outros sintomas da fibromialgia.

Diante de tantos sintomas possíveis e convivendo com dor durante grande parte da vida, portadores da condição relatam grande impacto nas relações sociais, como é o caso de Andrea Teodozio que convive com a doença há doze anos.

Andrea Teodozio, enfermeira

A enfermeira começou a sentir dores na gestação e, depois de ouvir alguns diagnósticos errados e de fazer exames que excluíram outras doenças, recebeu o diagnóstico de fibromialgia. “Eu me sinto muito mal, quem olha não percebe que estamos doentes, então é mais difícil nos compreender. Influencia até na minha vida conjugal, tenho cefaleia, bruxismo, sinto dores constantemente, meu ritmo é mais lento, sinto muita fadiga, é complicado principalmente porque não tem cura e qualquer gatilho de estresse, preocupação forte, me deixa acabada e me faz aumentar a medicação”, informa.

Relatada com muita frequência pelos pacientes, a fadiga faz com que os doentes sintam-se cansados e esgotados, mesmo após uma noite de sono adequado. Ela pode ser tão incapacitante a ponto de prejudicar a produtividade e comprometer a capacidade laboral do indivíduo. Para esses, inclusive, um caminho possível é pensar em aposentadoria.

“A fibromialgia por si só não garante a aposentadoria. No entanto, se os sintomas da doença afetarem significativamente a capacidade de uma pessoa de realizar suas atividades diárias e seu trabalho, ela pode ser elegível para a aposentadoria por incapacidade”, afirma a advogada especialista em direito previdenciário, Lauana Neri.

Dra. Lauana Neri, advogada especialista em Direito Previdenciário

No Brasil, a aposentadoria por incapacidade é concedida a trabalhadores que não conseguem mais exercer suas atividades laborais devido a doenças ou condições de saúde. Para ser elegível para a aposentadoria por incapacidade, é necessário comprovar que a doença é incapacitante e que a pessoa não é mais capaz de exercer suas funções laborais.

“Em casos de fibromialgia, o processo de aposentadoria por incapacidade pode ser complicado, já que a doença pode ser difícil de diagnosticar e o impacto dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa. Por isso, cabe ao segurado apresentar todos os documentos médicos relacionados à doença, pois só assim o perito médico conseguirá traçar com mais facilidade o seu histórico clínico e concluirá pela concessão da aposentadoria por incapacidade”, completa Lauana.

É importante consultar um médico e um advogado especializado em seguro social para obter informações sobre a elegibilidade para a aposentadoria por incapacidade e sobre como iniciar o processo.

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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.