Foto: Thayanne Magalhães/Cortesia
“Se eu recorrer do valor da pensão, você vai receber muito menos”. Essa foi a frase que a jornalista Thayanne Magalhães ouviu quando decidiu colocar o genitor dos seus dois filhos na Justiça para que ele pagasse a pensão alimentícia. Frases assim são bem comuns para mulheres que criam os filhos sozinhas e que já precisaram cobrar a pensão alimentícia para os menores.
Ao Eufêmea, a jornalista contou que decidiu pedir a pensão quando ainda estava grávida do segundo filho.
“Descobri que estava sendo traída e incluía pensão no acordo do divórcio. Muitas mulheres não sabem, mas a pensão pode e deve começar a ser paga ainda na gravidez”, afirma.
A jornalista disse que demorou cinco anos para o genitor dos filhos pagar a pensão regularmente, mas hoje em dia é descontado em folha um salário mínimo.
No entanto, ela reforça que mesmo recebendo um salário mínimo, se fosse para dividir os gastos igualmente, ela teria que receber um valor maior.
“Mas o Judiciário ainda deixa muito a desejar e sobrecarrega a mãe com as responsabilidades financeiras, como se não bastasse toda dedicação física e emocional na criação dos filhos”, destaca.
A jornalista também relembra as conhecidas dela que recebem um valor baixo. “Muitas conhecidas minhas recebem um valor irrisório e vergonhoso, como R$180 por mês, por exemplo”.
“Ele disse que eu ia ‘luxar’ com o dinheiro dele”
Quem passa pela mesma situação é a empreendedora Fernanda Silva*, de 32 anos. Ela tem uma filha de 3 anos e só deu entrada no pedido de pensão quando a menor fez dois anos, em 2022.
“O pai nunca pagou pensão, ele dava o que podia, mas ficou cinco meses sem mandar um real e isso me prejudicou muito”, disse.
A empreendedora conta que são vários gastos com a filha: fralda, comida, leite, escola, plano de saúde, lazer, roupas, mas que o genitor não reconhece isso.
“Ele acha que o dinheiro que paga consegue suprir as necessidades da filha. Hoje em dia ele paga R$ 240,00. Isso não paga nem a escola dela que é R$ 500”, revela.
Fernanda disse que esse foi o valor decidido pelo Judiciário com base no que o genitor ganha, mas afirma que esse valor é muito baixo para o padrão de vida que ele leva.
Ela conta que ao cobrar a pensão que estava em atraso, o genitor disse que Fernanda queria o dinheiro para “luxar no final de semana”.
“Ele vive em shows, farra, viajando… Mas quando eu fui cobrar os R$ 240,00, ele disse que eu queria luxar no final de semana e só pagaria na segunda-feira para que eu não gastasse a ‘fortuna’ dele”, conta.
A empreendedora reforça que mesmo recebendo pouco, a pensão é um direito e deve ser paga. “Eu não fiz a minha filha sozinha, então ele precisa arcar com as responsabilidades dele. Vejo que algumas mulheres sentem medo ou acham que precisam criar os filhos sozinhas, eu não concordo, o homem sempre sai com menos atribuições e a mãe que se prejudica”.
A jornalista também conta que ouviu do genitor dos filhos que ela queria “dar o golpe” engravidando. “No meu caso, planejamos as duas gestações, fomos casados e eu sempre ganhei mais do que ele. É preciso estar preparada para ouvir esse tipo de absurdo, porque eles são muito previsíveis”.
Leve tudo para a Justiça
Mesmo com todo desgaste, Thayanne enfatiza que é preciso exigir os direitos dos filhos. “Você será chamada de louca e descontrolada toda vez que for exigir os direitos dos seus filhos e deve estar trabalhada na atriz que existe dentro de você. Não perca a calma e leve tudo para a Justiça”.
Já Fernanda aconselha que a mulher não assuma a sobrecarga materna e financeira sozinha. “Você deve cobrar esses direitos porque são direitos para os seus filhos ou filhas. O que o genitor vai pagar é para a sobrevivência dos menores, então vá atrás e busque isso”.
