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Uma policial civil, um bombeiro e três guardas municipais são investigados por suspeita de tentar forçar uma vítima de estupro a mudar o testemunho contra um policial militar, que é suspeito do crime, no Grande Recife. De acordo com a Polícia Civil, eles praticaram extorsão, coação e ameaça.
O esquema foi descoberto pela Operação Inglórios, que prendeu cinco suspeitos. Afastado das funções por causa das investigações do estupro, o policial militar está foragido e continua sendo procurado pela polícia.
A operação foi realizada na terça-feira (4), no Grande Recife. Cinco dos seis mandados de prisão foram cumpridos. Os policiais também apreenderam armas, munição e celulares. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela polícia.
Nesta quarta (5), a PC concedeu uma entrevista coletiva para detalhar o esquema criminoso. Segundo o delegado Jorge Pinto, o policial militar era amigo de um dos guardas municipais e tinha relacionamento profissional com os demais envolvidos.
“Eles queriam reverter a condenação do policial militar. Pretendiam conseguir um documento para mudar essa punição. Passaram a perseguir e intimidar a vítima e o marido dela para ir a um cartório apresentar nova declaração e dizer que a mulher tinha mentido no processo que resultou na punição do PM”, declarou.
As investigações começaram em janeiro deste ano. Primeiro, foram presos em flagrante a policial civil e um dos guardas municipais. Eles foram autuados por associação criminosa e concussão, quando o servidor público usa o cargo para obter vantagem.
A partir dessas prisões, a polícia chegou aos outros envolvidos, suspeitos de usarem equipamentos e uniformes das corporações para intimidar a vítima, de acordo com o delegado. “Era para esvaziar a capacidade de resistência da vítima”, diz Jorge Pinto.
O policial afastado é a chave do esquema, segundo o delegado. “Todo o esquema só foi possível por causa dele. O PM entregou R$ 20 mil a um irmão da vítima. Era para mostrar a ela a vantagem de mudar a declaração para beneficiá-lo. A vítima estava muito atordoada e foi difícil tomar a declaração dela”, afirma.
Jorge Pinto declarou também que a vítima repassou todo o dinheiro para a polícia, que anexou aos autos do processo. O inquérito foi enviado para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Ainda de acordo com o delegado, os presos negam envolvimento no caso. “Um tenta jogar no outro a culpa”, diz.
O delegado Ivaldo Pereira informou que os guardas e o bombeiro presos foram levados para o Centro de Observação e Triagem Criminológica Professor Everado Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. A policial civil está na Colônia Penal Feminina do Recife, na Zona Oeste da capital.
*com G1