Aborto previsto em lei, exames laboratoriais, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial. Esses são alguns dos diversos serviços ofertados pela Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS), que garante assistência em saúde para as alagoanas acometidas por violência sexual e doméstica.
Com psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, ginecologistas, pediatras, médicos peritos e policiais civis, as mulheres alagoanas têm acesso à assistência integral, por meio de espaços de acolhimento, que contam com equipe multiprofissional.
Ao Eufêmea, a coordenadora da Rede de Atenção às Violências (RAV), psicóloga Camille Wanderley, explica que a RAV oferece serviços para toda população alagoana em situação de vulnerabilidade, no entanto o caso mais recorrente é o de violência contra a mulher.
“Proporções assustadoras”
Conforme os dados divulgados pela RAVVS, 265 pessoas buscaram atendimento no período de janeiro a abril de 2023. Desse total, 90% foram mulheres, a maioria crianças.
Os dados apontam ainda que a faixa etária com maior incidência é de meninas com idade entre 0 e 14 anos, com 179 casos. Em seguida estão as mulheres com mais de 18 anos, registrando 37 casos. Na sequência, mulheres adolescentes entre 15 a 17 anos, com 25 casos.
Camille alerta que houve um aumento considerável nos casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes. “Pesquisas recentes mostram que a violência contra a criança toma proporções assustadoras, muito mais do que as outras violências”, diz.
Ela destaca ainda que a denúncia é o principal passo para combater o ciclo da violência e acessar uma rede de proteção e acolhimento.
Serviços e atendimentos
Para as vítimas de violência sexual e doméstica são disponibilizados serviços de profilaxia das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), anticoncepção de emergência, coleta de vestígio, aborto previsto em lei, exames laboratoriais, assessoria jurídica, grupos de apoio e acompanhamento médico e psicossocial, por até seis meses após a violência.
Como funciona o serviço?
A psicóloga ressalta que os serviços funcionam todos os dias da semana, 24 horas por dia, em quatro unidades vinculadas à Secretaria de Estado de Saúde (Sesau).
“Atualmente nós temos uma central de regulação que funciona 24h. As unidades de saúde da Segurança Pública da CRAS [Centro de Referência de Assistência Social], CREAS [Centro de Referência de Assistência Social], conselheiros tutelares, educação, podem em caso de violência de vulneráveis, entrar em contato com a central de regulamentação”, explica.
“Os serviços são para mulheres, crianças, pretos, idosos, povos indígenas, população de rua, LQBTQIAP+, grupo romani. Para garantir a essas minorias toda assistência diferenciada interligando os serviços do poder executivo”, continua.
Unidades
- Em Maceió, o serviço está disponível no
Hospital da Mulher (HM), no bairro Poço, onde a RAV está situada e no Hospital Geral do Estado (HGE), no bairro Trapiche, que acolhe pacientes do sexo feminino de até 12 anos.
- Já no interior do Estado, o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual e doméstica ocorre no Hospital Ib Gatto Falcão, em Rio Largo, que atende todas as vítimas, sem distinção de idade.
- Em Arapiraca, no Hospital de Emergência do Agreste (HEA), o acolhimento é voltado às mulheres que residem em um dos 46 municípios do Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, que integram a II Macrorregião de Saúde.