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Secria promove evento sobre mortalidade materna com profissionais e estudantes da área

Foto: Rodrigo Marinho / Ascom Secria

Estudos apontam que as causas da mortalidade materna no Brasil acontecem, por ordem, por hipertensão arterial específica da gravidez (20%), hemorragias (12%), infecção puerperal (7%) e aborto (5%). No próximo dia 28 de maio, é o Dia Mundial de Combate à Mortalidade Materna. Para chamar atenção sobre o tema, a Secretaria da Primeira Infância (Secria) realizou o evento intitulado “Desafios para a redução da mortalidade materna e consequência da Covid-19 para o cenário obstétrico no Estado de Alagoas”, nesta quinta-feira (25), no auditório Aqualtune, no Palácio do Governo. 

O evento foi direcionado para estudantes e profissionais que trabalham com o tema. A secretária da Secria, Paula Dantas, afirmou durante a abertura que o tema é uma prioridade da pasta, inclusive com a construção de novos Centros de Parto Normal (CPNs). Segundo ela, a estimativa é a construção de 20 CPNs até o final da gestão.

“Precisamos trabalhar no sentido de reforçar a importância do parto humanizado apontando as vantagens e a segurança para a mulher e o bebê. Sabemos que é essencial ter profissionais bem qualificados e estamos trabalhando para a construção de CPNs com espaços adequados”, afirmou Paula. 

A enfermeira obstetra do Hospital da Mulher e da Maternidade Escola Santa Mônica, Carla Cardoso, proferiu a palestra “Mortalidade materna: causas e estratégias de prevenção no Hospital da Mulher”. Ela apresentou números dos atendimentos na unidade hospitalar, que classifica e atende na maternidade por dia, em situações obstétricas e ginecológicas, uma média de 55 pacientes.

Carla explicou que a morte materna é definida pela Classificação Internacional de Doenças (CID10) como o óbito de uma mulher na gestação, no parto ou 42 dias após o parto, devido a qualquer causa relacionada ou agravada pelo período, excluindo causas acidentais ou incidentais.

A causa da mortalidade materna pode ser obstétrica direta morte, quando ocorre por complicações devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de morbidades diretamente ligadas à gravidez parto ou puerpério, como também, abortos, descolamento de placenta, hipertensão específica da gravidez, hemorragias, infecções e outras.

E indireta, quando é resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período como tuberculose, hipertensão crônica, cardiomiopatia, HIV e outras, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez.

A diretora da Maternidade Escola Santa Mônica, Elisângela Sanches, abordou o tema “Avanços e desafios na assistência obstétrica no contexto do alto risco no Estado”. De acordo com ela, a avaliação das mortes revela a evitabilidade dos óbitos em 90% dos casos no país.

A assessora técnica da Rede Cegonha do estado, Bárbara Rose, falou sobre a “Rede cegonha: contribuições no Estado de Alagoas para redução da mortalidade materna”.

Bárbara ressaltou a importância da implantação de boas práticas obstétricas, a exemplo da redução das taxas de episiotomia, reduzindo sangramentos e infecções; diminuição do uso de ocitocina durante o trabalho de parto, reduzindo riscos de distorcias e rupturas uterinas; implantação do uso de medidas não farmacológicas para alívio da dor para maior conforto da paciente e facilitação do parto normal; implantação da estratégia de ligadura tardia do cordão umbilical, facilitando desprendimento da placenta e acelerando e reduzindo sangramento e garantir a presença do acompanhante no PPP.

Causas evitáveis

Segundo a assistente técnica da Secria, Luana Brandão, que é enfermeira obstétrica, a principal causa de mortalidade materna no Brasil e no mundo são de causas evitáveis, como a hipertensão e as causas hemorrágicas. Seguidas das causas externas como violência e acidentes. 

“Tendo em vista que são causas evitáveis, eis a importância de se discutir e alinhar o sistema para que consiga diagnosticar e intervir em tempo oportuno e prevenir o óbito materno e fetal”, afirmou.

Luana destacou a necessidade dos cuidados da atenção básica. No caso de planejamento reprodutivo, a enfermeira obstétrica orientou que essa mulher, antes mesmo de engravidar, consiga alinhar a saúde para explorar os diagnósticos prévios de forma que haja uma gestação com qualidade. E assim garantir que as causas preexistentes sejam controladas durante a gestação.

Para ela, é importante ainda romper as barreiras de acesso ao sistema para que a informação seja igualitária e equânime para toda à população, principalmente, para a população de risco. 

Ao confirmar ou suspeitar de uma gravidez, a mulher deve procurar a Unidade Básica de Saúde reportando o atraso menstrual e o profissional pode solicitar o exame Beta HCG para que de forma precoce esse pré-natal seja iniciado. Durante o pré-natal, é importante que a mulher tenha uma alimentação saudável, pratique alguma atividade física, realize todos os exames e que sejam avaliados e descartadas ou confirmadas alterações que possam mudar o curso da gestação. 

A infecção causada pelo vírus da Covid-19 trouxe impactos à mortalidade materna se configurando em gestação de alto risco. Sendo assim, foi necessário que serviços e a sociedade em geral se adaptasse ao novo cenário.

*com Assessoria