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A Universidade Federal de Alagoas teve representação na 17ª edição do Congresso promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas (Abrapcorp), na última semana, no Rio de Janeiro. As professoras Emanuelle Rodrigues e Sandra Nunes, ambas do curso de Relações Públicas, apresentam os resultados de um estudo em coautoria com a também docente do curso, Manuela Callou, sobre o discurso da mineradora Braskem sobre sustentabilidade e responsabilidade social.
“De um modo geral, o artigo é fruto de inquietações das autoras, especialmente porque, no início deste ano, a Braskem lançou uma campanha de comunicação a nível nacional pautada no discurso da sustentabilidade. Enquanto milhões eram gastos como anunciante do BBB, a crise socioambiental em Maceió se aprofundava. As contradições se mostram muito pertinentes para pensar as práticas de comunicação organizacional e relações públicas na atualidade”, explicou Emanuelle Rodrigues.
Para tanto, fora analisado o discurso organizacional da Braskem e a forma com a qual a mineradora estrutura a sua Comunicação Organizacional em meio a uma crise socioambiental onde ela aparece como principal agenciadora dos danos causados aos moradores residentes nos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, além de parte do Farol, em Maceió, neste que é o maior desastre ambiental já registrado no Brasil causado pela exploração irregular de sal-gema.
“O trabalho aponta, não apenas para uma série de contradições discursivas e problemas na gestão da comunicação e relacionamento com os públicos e sociedade civil, mas também para a necessidade de se pensar outras lógicas de comunicação e relações públicas na contemporaneidade, baseando-se em princípios como a democracia, a diversidade e os direitos humanos”, disse Emanuelle.
Análise de discurso
Para Manuela Callou, o debate sobre o tema se faz necessário visto que a mineradora tem sido partícipe, nos últimos 50 anos, de importantes decisões políticas, econômicas e demográficas no estado de Alagoas, causando um grande impacto habitacional especialmente na cidade de Maceió.
“Com base nessa problemática, surge a necessidade de uma análise a partir dos conceitos da análise do discurso francesa que procura elucidar como a Braskem construiu narrativas que, de alguma forma, fazem com que a empresa apareça na mídia como isenta de responsabilidades frente à crise ambiental” refletiu.
A professora diz ainda que é preciso refletir sobre como os discursos adotados pela mineradora são construídos para chegar à opinião pública.
“A Braskem se posiciona como financiadora de produtos culturais de entretenimento na televisão aberta, através de discursos institucionais preocupados com o meio ambiente e com a consciência ambiental. Disso se trata a análise do discurso, frente a nossa pesquisa realizada sobre a Braskem: de como os discursos institucionais são construídos, para favorecer o poder econômico e político e manipular a opinião pública”, explicou Manuela Callou.
Confira o artigo em anexo no final desta página.
Sobre o Congresso
Depois de três edições realizadas de maneira remota por conta da pandemia da covid-19, a edição de 2023 retomou o contato presencial dos pesquisadores com os temas mais variados da comunicação organizacional e das relações públicas com realização no Campus Maracanã da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Para esta edição, teve como tema Comunicação, Ativismo e Organizações, com o objetivo de estimular um relevante debate sobre o papel comunicacional na luta por realidades mais igualitárias, além de assumir o compromisso da construção de diálogos orientados pela busca do desenvolvimento social e pela minimização das disparidades que marcam a sociedade brasileira.
De acordo com a professora Sandra Nunes, participar de um evento científico como este Congresso da Abrapcorp é sempre muito importante pela oportunidade de realizar trocas acadêmicas a partir de debates que proporcionam atualizações necessárias em seus campos de estudo.
“A Abrapcorp reúne pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Seu congresso é considerado pelas principais agências de fomento à pesquisa como um dos maiores eventos na área da comunicação. Assim, nossa participação marca a presença da Ufal nesse importante evento. Isso tende a refletir na qualidade do curso de graduação e nas perspectivas de programas de pós-graduação”, explicou a diretora do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca).
Já na opinião de Emanuelle Rodrigues, levar este trabalho e seus resultados a um evento como o Congresso da Abrapcorp é de extrema relevância para mostrar como a Universidade e o curso de Relações Públicas demonstram sua atenção às problemáticas que envolvem o público como um todo. “O que ressalta a importância da ciência e da universidade pública”, complementou a docente.
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*com Assessoria
