Foto: Thiago Ataíde / Ascom Seduc
No auge de seus 75 anos, Maria Cícera Paulino, ou “Vó Maria”, como é carinhosamente chamada pelos colegas de turma, esbanja alegria por onde passa e carrega consigo uma determinação que salta aos olhos. E mesmo após cinco décadas longe da sala de aula, ela decidiu retomar os estudos para realizar o sonho de concluir o ensino superior.
“Eu tinha muita vontade de terminar os meus estudos, mas, na minha juventude, tive muita dificuldade. Lembro-me que, à época, deixei de estudar porque a única escola disponível ficava longe da minha cidade. Devido à distância, meu pai não permitiu que eu continuasse estudando. Por isso, abandonei a escola quando eu tinha 20 anos. Não concluí o ensino médio, mas, hoje, quero abraçar todas as oportunidades de aprender cada vez”, garante Maria.
Com o apoio da escola, a estudante da EJA se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ela reforça, com entusiasmo, que não vai desistir enquanto não alcançar a aprovação na universidade federal.
“Mesmo depois de tanto tempo, nunca desisti de terminar os estudos. Foi quando eu soube que teria essa chance de voltar para a escola. Minha filha me apoiou muito e, então, resolvi me inscrever no Vem Que Dá Tempo. Estudei, fiz a prova, e passei. Já não me vejo em casa, com a mente parada. Quero continuar estudando e aprendendo. Foi por isso que também me inscrevi no Enem, e irei, sim, realizar meu maior sonho, que é cursar uma faculdade”, reforça a também dona de casa.
O programa
O Vem Que Dá Tempo é um programa criado pelo Governo de Alagoas para garantir o retorno à sala de aula de quem não concluiu os estudos. Por meio de uma prova de certificação, o estudante tem a possibilidade de concluir o Ensino Fundamental e, com isso, ingressar no Ensino Médio por meio da EJA. Além disso, o programa também oferece uma bolsa de até R$ 500 para os candidatos, estimulando jovens e adultos a recuperarem o tempo perdido.
Mas o sucesso do Vem Que Dá Tempo passa, necessariamente, pela dedicação dos professores, o que pode ser visto na Escola Estadual Padre Cabral, localizada no bairro Fernão Velho, em Maceió. Por lá, o programa tem sido mais que uma ferramenta de combate à evasão.
É que a modalidade EJA deixaria de ser ofertada naquela unidade de ensino em virtude da baixa adesão da comunidade. Porém, a escola passou a ser polo do programa e, graças ao trabalho de busca ativa, a gestão escolar conseguiu motivar muitas pessoas, triplicando o número de turmas existentes na Padre Cabral, como explica a diretora Aléssia de Moraes.
“A EJA havia declinado muito em nossa escola. Só tínhamos. Mas, após a chegada do Vem Que Dá Tempo, a procura aumentou muito. Novos estudantes chegaram e, então, formamos quatro turmas, cada uma com mais de 40 estudantes. A demanda só cresceu desde então e, hoje, já temos seis turmas da EJA, sendo quatro delas de alunos concluintes. E a nossa maior alegria é saber que já temos, inclusive, uma lista de espera”, destaca a gestora.
*Com Assessoria
