Colabore com o Eufemea
Advertisement

Por que as mulheres atacam outras mulheres? Entenda os motivos

Estou no Instagram: @raissa.franca

Foto: Chelly Criativa

“Não sei o que dói mais: um homem falando de uma mulher ou uma mulher falando de outra mulher.” Esse é um pensamento recorrente que tenho desde que o Eufêmea nasceu, em 2020. O que me chama a atenção, no entanto, é perceber que muitas mulheres atacam outras mulheres, e fazem isso com naturalidade, julgando essas mulheres nas redes sociais e fora delas também.

Esse meu pensamento se tornou ainda mais forte quando publicamos no Eufêmea, no mesmo dia, dois casos: um, de um juiz que ‘ganhou’ uma aposentadoria compulsória (ele foi condenado por abuso sexual contra mais de 20 mulheres) e o segundo sobre uma mãe que dançou funk com um vestido transparente na festa da filha de um ano. Qual desses dois posts você acha que rendeu mais e teve mais comentários?

Claro que foi o vídeo da mulher dançando funk na festa da filha que me chamou a atenção. Será mesmo que uma mulher dançando causa mais desconforto do que um homem acusado de diversos abusos sexuais? Apesar de estar citando esse post, este texto não se trata da mulher que dançou na festa da filha, mas sim sobre o julgamento feminino.

E por qual motivo isso acontece? Por qual motivo temos mesmo que atacar outra mulher? Eu cresci ouvindo que “deveria me comportar como uma menina”. E esse ‘comportamento’ estava associado ao falar baixo, sentar de pernas fechadas, não brincar com meninos, não chamar palavrão e não usar roupas curtas. Dançar? Jamais. Isso não era coisa de moça comportada.

A sociedade frequentemente julga as mulheres por uma série de razões complexas e enraizadas em estruturas sociais e culturais. Infelizmente, o patriarcado e as normas de gênero tradicionais ainda exercem uma influência significativa, impondo expectativas restritivas e estereótipos prejudiciais sobre as mulheres.

E com isso, as mulheres também julgam e criticam outras mulheres. Esse comportamento muitas vezes surge de uma competição social reforçada pela sociedade, onde mulheres são colocadas em um ambiente de constante comparação e pressão para atender a padrões, entre eles, o de comportamento.

Esses julgamentos podem aparecer por vários motivos (insegurança, desejo de se encaixar e até inveja), mas, na minha opinião, o maior motivo para que esses julgamentos aconteçam é a internalização dos estereótipos prejudiciais impostos pela sociedade.

Sabe aqueles que eu citei acima? Aqueles em que a mulher não deve se expor, deve falar baixo, fechar as pernas quando estiver sentada, não dançar e nunca, jamais, aparecer mais que um homem? Então, se uma mulher vai além disso, já é motivo para atacá-la, porque é estranho uma mulher não se comportar como a sociedade deseja que ela se comporte.

Se não concordamos com o comportamento de outra mulher, não precisamos comentar nem atacar. Ao comentar e deixar explícito, reforçamos que as mulheres não devem ser respeitadas, o que contribui para a divisão entre nós.

Quando atacamos/julgamos outras mulheres, estamos perpetuando essa lógica de competição e divisão entre nós, enfraquecendo nossa união e fortalecendo os estereótipos e preconceitos que nos afetam negativamente.

Você não é obrigada a amar e concordar com todas as mulheres, mas você deve respeitá-las.

Picture of Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.