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Transformando alicerces: engenheira gera oportunidades para mulheres na construção civil

“Sempre que tinha um reparo para fazer em casa, eu tinha curiosidade em saber como funcionava, meu pai me chamava e mexíamos juntos”. Filha de pedagoga e de um funcionário público, a engenheira Géssica Ferreira lembra com carinho da infância ativa e curiosa que viveu em Maceió.

Na época do vestibular havia a dúvida entre duas profissões, engenharia e medicina, mas a curiosidade pelo funcionamento dos objetos e o amor pelas ciências exatas falaram mais alto.

Ainda na faculdade entrou numa construtora como estagiária, depois foi contratada como auxiliar de engenharia. A formatura veio em 2017 e logo em seguida um grande desafio: um edifício de 14 andares marcaria a sua primeira obra como engenheira da construtora Marroquim.

“Meus pais me ensinaram que eu precisaria correr atrás dos meus objetivos com muito esforço, que nada cairia do céu e assim eu fiz. Me capacitei e encarei o desafio”, afirma.

Foto: Cortesia

Em meados de 2020 entregou a obra e começou a atuar com reformas, foi onde surgiu a ideia: abrir uma empresa para capacitar e gerar oportunidades para mulheres na construção civil, a Dellas engenharia.

Mercado majoritariamente masculino

O mercado de engenharia é um cenário composto, de maneira majoritária, por homens. Por mais que se tenha percebido um aumento na participação feminina nesta área, dados do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) mostram que apenas 19.3% dos profissionais de engenharia no Brasil são mulheres, sendo que a participação feminina entre os profissionais ativos na área é de apenas 15%.

“A gente vê que é um meio muito masculino, é um meio onde ainda existe muito preconceito, porque a mulher ainda é vista como uma profissional que talvez não tenha a mesma capacidade profissional que o homem”, afirma Géssica.

“Percebo os olhares e sempre ouvi comentários. Na primeira obra que eu assumi como engenheira, liderava mais de 180 homens, precisava me me posicionar pra ser realmente respeitada na minha opinião e ordens”, relembra.

Hoje, a engenheira trabalha dentro do escritório, na área de tecnologia de edificações, mas ainda assim, segundo ela, há um número muito grande de homens, principalmente no comando.

Na tentativa de reduzir um pouco essa desigualdade, a Dellas se encaminha para a terceira turma de capacitação para a construção civil. Ao término da turma, cerca de 40 mulheres terão sido treinadas em todas as áreas da construção: pintura, assentamento, piso, hidráulica, elétrica, entre outras.

Os cursos, que são teóricos e práticos, são abertos a qualquer interessada, e após a conclusão, as engenheiras buscam auxiliar ainda mais as participantes buscando oportunidades de estágio.

“Onde quer que eu esteja, em qualquer emprego, qualquer situação que eu tiver, eu sempre vou buscar a inclusão de mulheres, porque da mesma forma que me foi dada oportunidade, eu também quero fazer por onde elas conseguirem”, completa Géssica.

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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.