Poeta preta alagoana. Assim se descreve Giovanna Lunetta em sua bio nas redes sociais. Natural de Arapiraca, foi adotada ainda recém-nascida e partiu com seus pais para São Paulo, onde viveu por quatro anos.
“Nasci numa situação muito precária. Subnutrida, precisando de suplementos, com quadro de saúde grave. Minha mãe biológica não teve condições de me criar”, contou ao Eufêmea.
A rotina exaustiva de trabalho dos pais empresários no sudeste estava se transformando em horas perdidas no acompanhamento do desenvolvimento de Giovanna, e isso fez com que decidissem voltar para Alagoas e morar na capital. “Meu pai é de Palmeira dos Índios, minha mãe, de São Paulo. Eles saíam para trabalhar e eu estava dormindo, voltavam e eu já estava dormindo”.
Ela tem 23 anos, mas conta que já aos 11 percebeu que gostava de escrever e foi incentivada pelos professores da escola. “Aos 12, já produzia alguns textos e aos 13, decidi que escreveria um livro”, conta.
E assim aconteceu. Giovanna acaba de lançar o seu primeiro livro de poesias, poemas e prosas entitulado “O sol vem depois”.
Publicado por uma editora carioca independente, a Taioba, o livro foi financiado coletivamente e que chega na casa dos compradores em setembro. “O livro já foi muito além das minhas expectativas. Atingimos 205% da meta em 40 dias”.
Além da venda do livro, Giovanna personaliza e comercializa textos sob encomenda. Ela usa as redes sociais para divulgar seus pensamentos e trabalhos desde que era adolescente, quando tinha por volta de 15 anos. Foi também nessa época que se descobriu de muitas maneiras, e essas descobertas são hoje, temáticas que também costuma abordar em sua escrita.
“Foi na minha adolescência que parei para questionar minha identidade racial, minha negritude, com a minha ancestralidade. E também foi aí que me descobri uma mulher LGBTQIAP+”, disse.
Ela conta que a partir de então, as causas sociais sempre a motivaram, questões ligadas à mulher, família, criança e adolescente, e isso a levou a escolher o curso de Direito na faculdade. Hoje, formada, ela está no caminho de estudo em busca da carteira da OAB para começar a advogar.
“Quero estudar por mim, mas olhando ao redor e ajudando a quem puder e assim, descobrir minha carreira jurídica. E, principalmente, quero criar um terreno fértil para conseguir colher frutos e ter uma vida boa através do que as palavras me proporcionam”, encerra.