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Família tóxica: como identificar? Especialistas falam sobre o assunto

Exposição, críticas e muitas versões da mesma história. Na última semana, o nome Larissa Manoela estampou as trends do Google (termos mais buscados), mais de uma vez, estando ela figurando entre quinta e sexta colocada.

Curiosidade pela vida da famosa ou identificação com o tema? Não sabemos e nem temos como saber, mas o fato é que o rompimento de vínculo da atriz em relação aos pais acendeu para muitos um sinal de alerta para que muitos passassem a observar com lentes mais críticas as relações familiares.

É o que explica a psicóloga Helouise Lima. Para ela, como mulher adulta, Larissa foi corajosa ao impor limites e buscar sua independência. “A discussão ficou acerca do ideal de família, onde um filho não pode expor algum erro dos pais, pois se o fizer é ingrato”.

Foto: Cortesia

Por ter escolhido expor publicamente a situação em um dos programas de maior audiência da TV Globo, Larissa foi criticada por influenciadores e apresentadores de TV.

Segundo a psicóloga, a escolha pode ter se dado pelo fato de a artista estar enfrentando muitos comentários inverídicos sobre sua relação com os genitores.

“Por mais que Larissa seja uma figura pública, antes de tudo ela é humana e estar em uma situação de combate com os pais não é fácil para nenhuma pessoa, visto que essa relação é a primeira com a qual temos contato e há uma cobrança social para que sejam a referência do filho e para o filho”, completa.

Acontece que, como afirma a psicóloga, o fato de serem pais e referências, não lhes concede salvo conduto para que os filhos suportem qualquer tipo de comportamento, e a distância pode fazer bem aos envolvidos.

“A escolha consciente por afastamento de alguma relação que começa a tomar rumos não saudáveis, ainda que seja com os pais, não traz traumas psicológicos, pelo contrário; às vezes é esse afastamento que nos permite colocar as coisas no lugar”.

Violência patrimonial e de gênero
Foto: Cortesia

Indo além no debate, a advogada especializada em atendimento de mulheres, Bruna Sales, explica que a situação exposta por Larissa vai além da violência patrimonial dentro dessa relação abusiva, é também uma violência de gênero disfarçada.

“Historicamente, a mulher é considerada temperamental, histérica, louca… o que condiciona a uma incapacidade de gerir sua própria vida e necessitar de um suporte (masculino, na maioria das vezes)”.

Bruna relembra que, até bem pouco tempo, a mulher era tida como incapaz e que só em 1962, com o estatuto da mulher casada, foi possível administrar sua família. “Acredito que se ‘ela’ fosse ‘ele’, os pais não se sentiriam tão legitimados a assumir o controle das suas finanças como se ainda fosse uma criança “, ressalta.

Relações familiares tóxicas
Foto: Cortesia

Nossa equipe compilou os pontos elencados pelas especialistas para ajudar a identificar os indícios de uma relação familiar disfuncional.

Para a psicanalista Raquel Pedrosa, o primeiro grande sinal de alerta para o qual devemos atentar é o controle excessivo. “Eu me agarro ao fato de ser pai e mãe para fazer o que quiser com o meu filho. E isso vai desde o controle financeiro até ao extremo de uma agressão física, por exemplo”.

Além dele:

  • A falta de diálogo: alguns dos membros se sentem invalidados e atacados, sem terem direito de colocarem suas opiniões e quando a colocam é feita chantagem emocional.
  • O uso de artimanhas sentimentais e a manipulação: se utilizam de artimanhas como se aproveitar de um momento tenso, ou uma reclamação para te dizer que você deve ajudá-lo, pois ele te ajudou em determinado momento, por exemplo.
  • Desrespeito e humilhação: falta de respeito ao espaço, opiniões e sentimentos do outro, além de insultos e humilhações públicas ou privadas.
  • Ciúme excessivo: insegurança e possessividade que resultam em comportamentos controladores e invasivos, sem respeitar a individualidade do outro.
  • Isolamento social: quando um familiar tenta afastar o outro de amigos e outras relações, criando conflitos entre os membros da família.
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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.