Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 revelaram que meninas estão entre os grupos mais vulneráveis ao estupro entre crianças e adolescentes. A faixa etária de 10 a 13 anos foi a que registrou o maior número de casos desse tipo no ano passado
No total, foram registrados 51.971 casos de estupro envolvendo vítimas com idades entre 0 e 17 anos em todo o Brasil em 2022. Esse número representa um aumento de 15,3% em comparação com os dados de 2021, quando foram registrados 45.076 casos.
O fato de sermos uma nação violenta para mulheres fomenta a busca por políticas de proteção na esfera pública, mas também faz com que mães estejam sempre em estado de alerta ao educar suas filhas, como é o caso da advogada Jacqueline Machado.
“Explico quem pode tocar nela”
Como mãe de primeira viagem da Mariana, que tem um ano e dez meses, ela compartilha que tem pesquisado bastante sobre educação desde a gravidez. Além disso, sempre conversa com a bebê quando precisa cuidar dela. Ela diz: “Quando troco a fralda ou dou banho, sempre reforço quem pode tocá-la: eu, o papai, minha mãe e a babá.”
“Não sei se ela vai para a creche”
“Para a administradora Danúbia Dantas, a preocupação com o abuso a fez repensar o que um dia pareceu óbvio. Ela, que viveu a experiência de ter uma babá e colocar o primeiro filho na creche, decidiu que o segundo iria diretamente para a creche.”
“Eu pensava que a babá era melhor por estar com meu filho com exclusividade, mas a escolinha oferece segurança e são vários profissionais”, afirma.
“Não aceitar desafios e não se expor”
Mãe de Heitor, 18, e Helena, 11, Jamile Coelho não esconde que precisa criar os dois de forma diferente. “Estamos no ano de 2023 e ainda temos que nos preocupar com alguns comportamentos para não deixar meninas ainda mais vulneráveis”, diz.
A advogada demonstra seu receio em diversas situações que são corriqueiras para o filho, mas não acontecem e nem vão acontecer com a mais nova. “Mesmo tendo cuidado com ambos, o medo de deixar uma filha no shopping com amiguinhas, por exemplo, é maior do que o filho com os amigos na mesma idade. O mesmo se diga quanto ao cinema ou banheiro”.
Jamile revela ainda a preocupação constante com outro tópico comum entre as mães com meninas nessa idade: o uso das redes sociais.
“Converso bastante com ela e procuro saber os sites ou redes que está acessando, abordando o perigo de quem está do outro lado da tela, para não confiar, não aceitar desafios e nunca se expor ou expor o corpo, pois uma vez na internet, poderá ser usado como bem entenderem, inclusive com montagens”, completa.