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Ela foi a primeira mulher a assumir a Seção de Roubo a Banco em Alagoas: conheça a história da delegada Ana Luiza Nogueira

Na infância, suas brincadeiras preferidas eram de detetive e de ser professora, não por acaso, adorava os autores Agatha Christie e Edgar Allan Poe. Ana Luiza nem imaginava que, um dia, essas atividades deixariam de ser apenas lazer para se transformarem em profissão.

“De certa forma, terminei me tornando detetive – risos – e professora, já lecionei por anos a disciplina Direito Penal em faculdades de Direito do estado”, relembra.

Natural de Pernambuco, ela adotou Alagoas como lar há mais de vinte anos, após ser aprovada no concurso de delegado de polícia. Como sempre gostou das disciplinas ligadas às ciências criminais durante a graduação em Direito cursada na Universidade Federal de Pernambuco, sabia que sua carreira seria nessa área de atuação.

“Logo após a formatura, foi publicado o edital do concurso público para o cargo aqui no estado, interessei-me de imediato”, conta saudosa: “sou torcedora do Sport, e lembro de ir quase todos os domingos à Ilha do Retiro assistir aos jogos. Disso sinto falta!”.

Já em atividade, a primeira delegacia na qual atuou foi a de Crimes contra Crianças e Adolescentes. O gosto pela temática a levou a concluir um curso de Mestrado em Direito na Universidade Federal de Alagoas na área, e a publicar o livro Direitos Fundamentais de Crianças e Adolescentes.

Segundo Ana, o trabalho era sensível e com forte carga emocional. “Devido à violência brutal contra crianças. Não raras vezes levamos a tristeza para casa, principalmente nos casos reiterados de estupro contra crianças com menos de quatro anos de idade, em grande parte cometidos pelos próprios pais biológicos”, pontua.

Atualmente, Ana Luiza atua como coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher – DEAM’s e, por remeter à área da infância e adolescência em face da predominância da violência doméstica, também é algo que lhe desperta interesse.

“Identifico-me profundamente com as questões ligadas às causas feministas e de gênero, e atualmente curso um Doutorado na Universidade Federal de Alagoas com o tema relacionado à análise de discurso sobre decisões judiciais nos crimes de feminicídio”.

Entre as suas atividades como delegada, a que atuou durante mais tempo foi na DEIC – Divisão Especial de Investigação e Capturas, onde teve a oportunidade de ser a primeira mulher a assumir a Seção de Roubo a Banco, coordenando dezenas de operações policiais de enfrentamento ao crime organizado, ambiente predominantemente masculino que lhe fez sentir “um misto de alegria e apreensão” ao assumir.

“No início houve um certo estranhamento, pois o machismo, ainda que velado, está presente. Nada me difere do homem no que diz respeito à coragem e capacidade de liderar ações de rua, e a mulher certamente tem plenas condições de comandar grupamentos táticos. Tanto é verdade que logo em seguida assumi o comando de todo o setor e por lá permaneci por 5 anos”, afirma.

Criada em uma família matriarcal, ela conta que pretende continuar contribuindo para a sociedade por muitos anos, realizando com afinco as atividades policiais e espera ver uma maior paridade de gênero em todos os campos. “Também na polícia judiciária, onde desejo que o atual percentual de 17% de participação feminina na polícia civil aumente com os próximos concursos públicos”, encerra.

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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.