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Gestação homoafetiva feminina: especialista explica os métodos disponíveis

Recentemente foi divulgado pela imprensa que a cantora Ludmilla e sua esposa, a dançarina Brunna Gonçalves, desejam ser mamães em breve. As duas já começaram a se preparar e, para isso, buscaram uma clínica nos Estados Unidos.

Ao Eufêmea, a médica especialista em reprodução assistida, Dra. Micaele Muruci explica quais são as opções disponíveis para casais homoafetivos que desejam iniciar o processo de gestação.

“Os casais femininos, cada vez mais, têm explorado as possibilidades oferecidas pela medicina para realizar o sonho de terem filhos. E, felizmente, temos duas opções que abrem portas para a construção dessas famílias”.

Nos casos como estes, de casais femininos, a médica explica que é preciso recorrer à doação de sêmen que pode vir de doação anônima ou de um parente da mulher não doadora de óvulos.

“Pode vir de um banco nacional ou internacional, ou de um parente de até quarto grau da mulher que não doou os óvulos, pois não podemos correr o risco de consanguinidade”, explica.

Inseminação Artificial

No primeiro método disponível para casais homoafetivos, a IIU ou Inseminação Intrauterina, também conhecida como Inseminação Artificial (IA), a fecundação ocorre dentro do corpo da mulher.

“Para isso, são feitos vários exames, entre eles, um que verifica se as tubas uterinas estão obstruídas e se é possível que o espermatozóide e o óvulo se encontrem na tuba”, explica Dra. Micaele.

“Além disso, é preciso que a parceira que irá gestar preferencialmente tenha até 37 anos, para melhores taxas de sucesso”.

A mulher que decidiu engravidar precisará realizar o tratamento de estimulação ovariana. “O sêmen é descongelado e preparado, para, posteriormente, introduzi-lo na cavidade uterina da paciente, para que a fecundação ocorra naturalmente”, afirma a médica.

Fertilização In Vitro

O outro método, escolhido por Ludmilla e Brunna, é a Fertilização In Vitro (FIV), em que, diferentemente do anterior, a fecundação é feita em ambiente laboratorial e depois transferida para o útero, como explica a médica.

“Para isso, a mulher escolhida para a coleta dos óvulos deve realizar o tratamento de estimulação ovariana e, quando os folículos estiverem desenvolvidos, é feita a coleta, e os óvulos serão fertilizados com os espermatozóides em laboratório”.

Ainda de acordo com a médica, quando o embrião se desenvolve, o que leva cerca de cinco dias, será transferido para o útero. E aqui também existem duas opções. “Os embriões podem ser transferidos para a cavidade uterina da mulher que forneceu os óvulos, ou a transferência embrionária pode ser realizada na outra parceira, o que é conhecido como gestação compartilhada. Nesse processo, uma doa o óvulo, enquanto a outra gesta, permitindo que ambas participem.”

Gestação compartilhada

Foi exatamente dessa maneira que as advogadas Ana Lydia Seabra e Natália Von Sohsten decidiram proceder. Em 2021, Natália teve seus óvulos coletados durante um processo de congelamento, e Ana Lydia gestou o bebê no ano seguinte, em 2022.

“Natália queria que implantasse dois embriões, mas eu tinha certeza que engravidaria somente com um e assim foi… Se fossem implantados dois, teríamos gêmeos. Não era essa a intenção”, conta Ana Lydia.

O casal decidiu por um doador de sêmen anônimo utilizando os serviços de um banco internacional. “É super seguro, com todos os exames, inclusive genéticos, do doador. Você compra e eles encaminham para a clínica que você irá fazer o procedimento. Lá você tem como buscar pessoas que tenham semelhanças conosco”, afirma.

Ela lembra ainda que teve uma gestação, parto e puerpério delicados, que envolveram seis meses de repouso e uma cesárea às pressas no sétimo mês de gravidez, devido a um pico hipertensivo.

“Tive pré-eclampsia, quase morri. Passei três dias na UTI e nosso filho ficou cinco dias na neonatal. Precisei usar medicamento para a pressão por três meses no puerpério, não podia me dedicar ao máximo por ter que descansar”, revela.

Hoje, oito meses após o nascimento de seu filho, Ana Lydia diz que tudo valeu a pena e destaca a amamentação como um dos momentos mais prazerosos da maternidade. “João Henrique é um presente em nossas vidas, um amor que não conseguimos mensurar. Cheio de alegria, carinhoso, simpático, tranquilo. Como diz Natália, um cara muito gente boa”, completa a mãe.

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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.