Colabore com o Eufemea
Advertisement

“Seja forte e corajosa!”

É com esta passagem bíblica que inicio este artigo para falar sobre a independência emocional da mulher. Mas, logo uma passagem bíblica? Não é a Bíblia que proíbe a mulher de se separar sob pena de virar adúltera? Não é na Bíblia que diz que o que Deus uniu o homem não separa? Não! É preciso fazer corretamente a exegese. Ninguém merece viver sofrendo. Esse não é o plano de Deus, muito menos deve ser o seu!

A independência emocional da mulher passa pelo entendimento de que só ela sabe o que sente, e ela que deve determinar o momento de acabar com esta dor, mesmo que essa decisão também doa, porque sua vida é o mais importante. Sim, se decisões erradas doem, as decisões certas também vão doer.

Mas, a mulher precisa ser forte para escolher a decisão que irá tomar para poder seguir em frente, mesmo que isso te custe algumas muitas lágrimas. Romper com o ciclo de sofrimento é necessário. E não pode custar sua vida.

Só mulheres fortes terminam uma relação.

Infelizmente, temos visto casos de violência contra a mulher tomando os noticiários. Todos os dias, as mulheres têm tido coragem para denunciar as agressões sofridas, sejam elas físicas ou psicológicas.

Na mala dos casos de violências noticiados, vemos relacionamentos com duração de meses ou anos, vemos registros felizes a dois, vemos imagens instagramáveis de perfeição, e vemos a grande descoberta: havia ali uma infelicidade persistente, uma insistência em ter alguém ao lado pelo medo de viver só, o medo do julgamento da sociedade de que você fracassou na sua relação.

Numa entrevista emblemática de uma mulher que sofria violência, percebemos as frases que pessoas próximas a ela falaram para desencorajá-la a terminar a relação: “você está louca”, “é o jeito dele”, “ele te ama”, ele “é o cara”, ele “só está cansado”.

E ficamos nos perguntado, quando devemos acender um alerta sobre nossas relações? Quando devemos deixar de perguntar aos outros sobre o que devemos fazer e termos autonomia emocional para decidirmos pelo fim deste ciclo de sofrimento?

A psicoterapeuta Ginnie Thompson afirma que toda relação saudável tem um nível de toxicidade. Em toda relação há cessões. Mas, até onde ceder?

Por trás de toda pessoa violenta há um alto nível de egoísmo. O egoísmo está vinculado a um estado exacerbado de vaidade. Pessoas egoístas acreditam que todos devem servir a ela e são incapazes de dar carinho e de serem recíprocas numa relação. Elas não obtêm satisfação em dar amor, a sua única preocupação é o que vai receber do outro, ou seja, o egoísta jamais vai deixar de fazer algo que quer para satisfazer você.

Toda atitude egoísta é autocentrada, baseada na desvalorização das coisas que os outros fazem e são. O egoísta não ama nada, nem ninguém. Todas as relações das pessoas egoístas são por conveniência.

Numa relação com essa pessoa egoísta é só você que fará tudo para que dê certo: você identifica o que ela gosta, você faz tudo para vê-la feliz, você renuncia a coisas que para você são valiosas para ficar ao lado dela, e, por mais que você faça, nem mesmo um agradecimento você recebe.
Tem uma música frequente nas rádios que demonstra uma relação assim:

“Parece que você nem sabe
O que é reciprocidade
Só eu que demonstro, você não percebeu
Tudo eu, tudo eu, tudo eu
Suas mensagens são mais frias que pedra de gelo
Eu me encaixo no seu mundo e não mudo seu jeito
Só um lado gosta, só um lado posta, e você nem reposta”

Então, se você começou uma relação com alguém que é egoísta, se você já identificou estes traços e se eles são um ponto forte da personalidade dela, seja forte e corajosa e acabe com isso.

Alguém capaz de amar de verdade realiza atos para o bem do outro, por isso que há uma polarização entre egoísmo e altruísmo. Pessoas altruístas saem de si em direção ao outro. Uma pessoa que ama de verdade, tem atitudes empáticas, e esta empatia é em relação a tudo que está vivo. Desta forma, uma pessoa que maltrata animais, que não se importa com a dor do outro, dificilmente vai te amar. Pessoas altruístas respeitam todos os seres vivos porque têm cuidado com a vida. O egoísmo é um obstáculo a atitudes altruístas.

Viver a dois é um exercício bem complexo, mas uma coisa que você não pode admitir é estar com alguém que não sabe amar, não sabe ser recíproco, que te esgota emocionalmente, que te faz exaltá-la enquanto você é diminuída por ela. E como falei no início, esta decisão dói, você vai sempre lembrar do dia que decidiu ir, mas com o tempo essa dor vai diminuindo e você vai percebendo que deve se doar para quem for recíproco com você.

Por mais que você a ame, lembre-se que não é sua missão transformar pessoas egoístas em altruístas, você não vai conseguir fazer isso! Neste momento de dor, sua missão é entender o que te conectou, em determinado momento de sua vida, a uma pessoa egoísta, e se perdoar pelo tempo que você desperdiçou nesta relação. Desenvolva sua independência emocional.

Lembre-se que o deserto é um lugar de passagem e não de moradia e que existem os finais felizes e os finais necessários.
Você merece ser feliz!
Seja forte e corajosa!

Estou no Instagram: dra.natercialopes

Picture of Natércia Lopes

Natércia Lopes

Licenciada em Matemática, Mestra em Educação Matemática e Tecnológica, Doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Coimbra e Psicanalista formada pela ABRAPSI.