Foto: Arquivo Pessoal
Claudiana Ferreira iniciou a sua vida profissional como doméstica em sua cidade, São José da Tapera, aos 14 anos, ganhando R$30 por mês. Passou um ano neste ofício, passou por 3 casas de família, mas conta que sempre quis mudar de vida e gostava muito de estudar, o que fazia com que, nos seus dias de folga, viajasse até a cidade vizinha para fazer cursinho de informática.
“Queria um trabalho com o qual eu me identificasse e que pagasse melhor também e fui estudando e trabalhando até passar em um concurso público em 2009 para Agente de Combate às Endemias. E assim, pela primeira vez, comecei ganhar um salário mínimo”, relembra.
O seu trabalho agora era de porta em porta, fazendo visitas domiciliares para mobilizar a população para as ações de prevenção às doenças endêmicas e notificar casos suspeitos às secretarias, entre outras ações, mas conta que continuou com o desejo de evoluir na carreira através do estudo, participando de todos os treinamentos que eram ofertados aos agentes.
“Fiz treinamento para laboratorista e trabalhei no laboratório analisando as larvas e pupas do Aedes, trabalhei na digitação informando os dados no sistema de informação em saúde, na área de prevenção e promoção da saúde desenvolvendo palestras, gincanas e projetos de intervenção com parceria intersetorial”.
Apesar de feliz com o trabalho, Claudiana precisou se afastar deste emprego em prol da sua saúde mental, é que ela foi vítima de assédio moral e a mudança forçada acabou por lhe apresentar outras oportunidades. “Denunciei, mas não consegui provar que estava falando a verdade, precisei me afastar e, com isso, fiquei 5 anos na Secretaria de Saúde, trabalhando na área de prevenção e promoção da saúde. Me apaixonei por essa área!”.
O assédio ao qual foi submetida não foi apenas o moral, ela relembra que, durante anos, foi vítima de assédio sexual por um amigo do seu pai. “Sempre repreendi, disse não inúmeras vezes, contei para a minha família desde a primeira vez, mas ele continuava com as cantadas e falta de respeito”.
Claudiana não imaginava, mas outra mudança abrupta estava por vir e como fruto de mais uma adversidade, dessa vez, um acidente.
“Fui a Brasília apresentar um plano de ação para prevenção das arboviroses e a estrutura metálica da entrada do Centro de Convenções caiu em cima de mim, me fazendo desmaiar de dor nas costas. O médico que me atendeu disse que sou um milagre, que eu nasci de novo e que não deixasse aquela fatalidade me parar. E esse capítulo me fez refletir sobre o meu propósito de vida”, conta.
E em meio a tudo isso, no mesmo ano, 2019, ela ganhou o prêmio ‘Juntas Transformamos’ do Instituto Avon, onde atua como consultora de beleza e passou também a ser Embaixadora da Causa de Violência contra mulheres e meninas.
“Após chegar em casa, me recuperar do acidente e refletir sobre o meu propósito de educar para a Prevenção e Promoção da saúde, área pela qual sou apaixonada, tive a ideia de criar o meu projeto Previne Mulher”.
Com o objetivo de levar informação para que outras mulheres não sejam também vítimas de assédio, Claudiana, promove diversas ações orientativas sobre os tipos de violência, onde procurar ajuda, rede de apoio e outras temáticas, fazendo palestras, linhas de transmissão no Whatsapp, Marcha pela Mulher e campanha digital que já conseguiu conectar mulheres de oito estados brasileiros. Com o projeto, ela conquistou outros dois prêmios: o de melhor projeto de prevenção de São José da Tapera em 2022 e o de Mulher Inspiradora pelo Universa UOL em 2023.
“Assim, ajudo meninas a reconstruir sua autoestima e construir relacionamentos saudáveis. Como empreendedora, quero expandir o projeto Previne Mulher e levá-lo a outros municípios e assim transformar mais vidas porque a vida é única e cada uma vale muito”, encerra.