Foto: Assessoria
Sarah Tarsila Andreozzi tem um currículo invejável. Fala três idiomas, é Auditora de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional, Economista e Mestre em Gestão Pública com 13 anos de experiência em finanças públicas.
Ela ocupa o cargo de Secretária de Estado da Fazenda de Sergipe desde janeiro, onde já alcançou grandes conquistas: o estado está com arrecadação recorde, controle das despesas obrigatórias de caráter continuado, melhoria no investimento, manutenção da capacidade de pagamento B, aprovação da reestruturação da dívida com redução de juros, tributação 4.0 voltada para autorregularização com o programa Amigo da Gente, entre outros.
Entenda o caso
Acontece que toda a sua trajetória profissional foi posta a prova recentemente por um jornalista de um blog local que questionou a sua capacidade de seguir no cargo de liderança em um futuro breve, isso porque Sarah está no quinto mês de gestação.
“Tem bebê a bordo numa secretária de pasta estratégica do governo de Fábio Mitidieri. E agora? E quando a licença maternidade chegar? Recebi a informação de que muito em breve ela precisará deixar a pasta para cumprir sua missão materna”, publicou o blog.
O Eufêmea entrevistou a Secretária com exclusividade. Leia a entrevista abaixo:
E: Gostaria de saber como se sente por, em 2023, precisar provar a sua capacidade técnica enquanto mulher – mesmo tendo sido indicada por ter competência para o cargo.
S: Com cansaço, e isso não acontece só comigo. Toda mulher tem que estudar mais, trabalhar mais, para provar que sabe o mesmo que um homem, na mesma colocação. Mesmo assim os salários são menores, e mesmo assim a gente vê as desigualdades. Então acho que é cansativo, a gente está lutando sempre, mas isso não me faz desanimar. Eu vou continuar lutando, porque eu penso muito na minha filha, na próxima geração, e eu espero que para ela seja melhor. Do mesmo jeito que a geração anterior também abriu espaço para a gente poder estar aqui hoje. Eu sou a primeira secretária de Fazenda do Estado de Sergipe mulher, foi um trabalho de outras gerações, então acho que é nosso papel continuar lutando por elas para melhorar cada vez mais no ambiente de trabalho e na sociedade.
E: Você tem recebido mensagens de apoio de diversos líderes de vários governos, como se sente em relação a isso?
S: Foi um apoio da oposição, da situação, foi bonito de ver, eu consegui ter esperança na sociedade, de ver que realmente a gente está no caminho certo. Eu vi muita sororidade. As pessoas falam que as mulheres são desunidas, pra mim isso é um mito e a gente mostrou que é um mito, que mexeu com uma, mexeu com todas, as mulheres estão juntas. Se a gente perceber que estão tentando colocar a gente numa situação de retrocesso, a gente vai dar um passo pra frente, a gente vai continuar lutando, então foi muito importante ter esse apoio, eu fiquei muito feliz e muito esperançosa pela sociedade.
E: Para além das mensagens de apoio, o que, para você, a sociedade poderia e deveria oferecer para nós, mulheres, para mostrar acolhimento e reconhecimento de fato?
S: Demonstrar a necessidade de que os pais exerçam a parentalidade de forma conjunta. Porque o cuidado do bebê não é só uma amamentação, é trocar a fralda, é dar banho, é acalentar. Então, se a gente conseguir dividir o trabalho, não fica exaustivo para nenhum dos dois. Os dois conseguem ter suas vidas, conseguem dormir o suficiente, conseguem comer, conseguem trabalhar, ser produtivos na sociedade, mas tem que ser dividido.
E: Gostaria que deixasse uma mensagem de legado como lembrança de sua gestão: quem é Sarah e que tipo de mulher ela é?
S: Eu me vejo como uma mulher trabalhadora que acredita na melhora do futuro do Brasil. Acredito no poder da cooperação, da empatia, do entendimento, do trabalho, do estudo. Acredito que a gente junto consegue superar as dificuldades. E não é da boca pra fora. E tudo que aconteceu me mostrou que eu estou certa, que e a gente está junto a gente consegue fazer uma mudança.
E: Você vai tomar (ou já tomou) alguma medida legal em relação ao blog e ao jornalista?
S: Decidi não tomar nenhuma medida legal porque eu estou grávida e eu entendo que quando a gente entra na justiça é um processo desgastante, sendo bem sincera. Eu também entendo que a gente tá aqui nessa nessa vida para evoluir, né? O jornalista se retratou, pediu desculpas, acho que ele aprendeu, acho que ele foi uma lição importante para vida dele, não só para ele, para muitas pessoas. Então, dessa vez, eu escolhi não tomar nenhuma medida judicial.