Hoje (15) é celebrado o dia do arquiteto e, neste universo, muitas vezes, onde os holofotes alcançam puramente o luxo e a estética, Bamidele Fasoyin, de 29 anos, destaca-se não apenas pelos seus projetos inovadores, mas principalmente por sua missão de impacto social. Fundadora da Casa de Maria Arquitetura Popular, a especialista em Patologia das Construções busca democratizar o acesso aos serviços de arquitetura, tornando-os acessíveis às mulheres de média e baixa renda.
Origens que inspiram
Nascida em um bairro periférico de Salvador, Bamidele foi criada pelos avós maternos, enquanto seus pais estabeleceram residência em Brasília por conta da carreira dele, que é tradutor da embaixada da Nigéria na cidade. Sua história de vida, marcada pela dualidade entre a realidade periférica e a vivência em ambientes de alto padrão durante seus estudos, tornou-se a mola propulsora para a transformação que ela hoje promove. “Eu sempre tive essa inquietação dentro de mim, de morar num bairro periférico, mas ter acesso a pessoas de alto padrão.”
A jornada pela arquitetura social
Durante a faculdade, Bamidele se questionou se a arquitetura era realmente a profissão que queria seguir, considerando a falta de representatividade e a ênfase em projetos para pessoas de alto padrão. No entanto, ela persistiu e, ao se formar, percebeu que algo estava faltando em sua carreira. Foi então que decidiu redirecionar seu caminho para o social.
“Fui me conectando e foi assim que nasceu a Casa de Maria. Essa minha inquietação de estudar para uma profissão e não me ver nela, de não ver pessoas como eu sendo contempladas. Abri meu olhar para o social, foi assim que consegui hoje trabalhar com o que trabalho”, explica a arquiteta.
Casa de Maria: transformando sonhos em realidade
Fundada em dezembro de 2020, a Casa de Maria Arquitetura Popular tem como objetivo atender mulheres de média e baixa renda, oferecendo serviços de arquitetura de maneira acessível. Com uma equipe formada por Bamidele e mais uma arquiteta, além de uma estagiária, a iniciativa já impactou 59 famílias até o momento.
“Nosso preço nem sempre é o menor do mercado, nosso diferencial é facilitar o pagamento, dividindo em até 12x no cartão de crédito, tornando o serviço acessível às famílias que atendemos”, destaca Bamidele.
Ela explica que ainda que, em maioria, seu público atendido é da classe C e um de seus objetivos é conseguir alcançar com seu trabalho, ofertando conforto e qualidade de vida, as classes D e E também. “São pessoas que têm uma renda fixa, têm casa própria e algumas até conseguiriam contratar um escritório tradicional, mas moram em bairros periféricos, onde outros profissionais não querem atender. Se tivéssemos algum parceiro para subsidiar, conseguiríamos atender as classes D e E de forma gratuita”.
Olhar personalizado para cada família
Além de oferecer parcelamento facilitado, a Casa de Maria adota uma abordagem personalizada em seus projetos, atendendo às necessidades específicas de cada cliente. Bamidele explica: “Oferecemos apenas o que é necessário para atender a demanda daquela família. Não precisa contratar o projeto completo, caso não seja necessário, isso ajuda a diminuir o custo total”.
A história de Bamidele Aduke Maria Silva Fasoyin e da Casa de Maria inspiram não apenas na esfera arquitetônica, mas também no poder de transformação que uma profissão pode ter na vida das pessoas, especialmente daquelas que mais precisam.”Me sinto muito feliz de ver o trabalho dando certo, ver as famílias realizando o que foi planejado e ver o retorno delas é muito bacana. Fico muito feliz de ver essas mulheres morando melhor, que é o grande objetivo da Casa de Maria”.