Helena Maria e Ana Lúcia são mulheres que compartilham a experiência de engravidar após os 40 anos. Coincidentemente, ambas conceberam sem planejar e já tinham outros filhos, mas a imprevisibilidade da vida as fez tornar-se mães novamente.
No Eufêmea, elas compartilharam os desafios, as alegrias e os preconceitos que podem surgir quando se concebe um bebê após a idade considerada “ideal” pela sociedade.
“Veio para me dar ânimo e vontade de viver”
Helena Maria é pernambucana, mãe de cinco filhos, e aos 40 anos engravidou de Maria Antônia, mesmo fazendo uso de métodos contraceptivos.
“Eu já tinha uma filha de 20 anos quando engravidei de novo e nunca imaginei que isso fosse acontecer, porque eu me prevenia tomando os remédios. Foi uma surpresa muito grande, parecia até que era a primeira gravidez. No começo, eu não acreditava, pensava que era a menopausa chegando”, relata ela.
A pernambucana afirma que seguiu o pré-natal à risca, reforçando ainda mais os cuidados devido à faixa etária. No entanto, a maior dificuldade durante a gestação não foi estar atenta a essas precauções, mas sim lidar com os comentários negativos que ouvia.
Depois de um tempo, Helena relata que começou a ignorar essas críticas e a direcionar sua atenção exclusivamente à gravidez. Fazendo isso, reconheceu que o não planejado foi também uma das melhores coisas que já aconteceram em sua vida.
“Eu não planejei a vinda da Maria, mas ela chegou no mesmo período em que perdi o meu pai. Por isso, costumo dizer que ela veio para me dar ânimo e vontade de viver. Eu estava muito fragilizada com a perda do meu pai, mas quando passei a me dedicar a ela, tudo mudou; foi algo divino mesmo”, revela emocionada a mãe.
Ela ainda conta que, comparando com as gestações anteriores, nesta última teve mais oportunidade para acompanhar e curtir todas as fases da filha. Além disso, completa a fala afirmando que, com a Maria, possui uma conexão diferente.
“A gente acaba tendo mais sabedoria para cuidar, foi a gravidez que eu mais aproveitei e me dediquei, ela foi a filha que mamou mais tempo, que mais esteve comigo. Outra coisa, é que sempre tivemos uma conexão muito forte, uma sente o que a outra tá passando. Hoje, a Maria mora em Maceió para fazer a faculdade dos sonhos, mas eu ainda sinto ela aqui pertinho de mim”, diz Helena.
“Eu não sofri com dores, sofri com o preconceito”
Já Ana Lúcia, é alagoana e mãe de três filhos, mas também engravidou após os 40 anos sem esperar. Segundo ela, a terceira gravidez aconteceu devido à dificuldade para utilizar métodos contraceptivos e até para conseguir uma laqueadura.
“Eu parei de tomar a pílula porque estava com as pernas cheias de varizes e corria risco de ter trombose. Recorri aos médicos do SUS para que eles me indicassem outros métodos contraceptivos, mas também não consegui. Me negaram até uma laqueadura, mesmo sabendo que eu era hipertensa e que tenho problemas nos ossos. Ou seja, outra gravidez seria ainda mais de risco”, desabafa ela.
Assim como Helena, a alagoana também destaca que ouviu falas preconceituosas durante a gravidez e percebeu mudanças nas reações das pessoas quando descobriam que ela estava grávida.
Ana Lúcia ainda relata que percebia os julgamentos pelos olhares, mas o pequeno Murilo sempre foi muito bem-vindo, e hoje faz companhia ao irmão de 6 anos.
“Eu amo ser mãe e como aqui em casa todo mundo é adulto, hoje o meu outro filho faz companhia ao Murilo e assim vice-versa, eles brincam muito juntos. Apesar das dificuldades que passei, das palavras que me magoaram, eu venci e os meus três filhos estão crescendo com muito amor”, finaliza a alagoana.