Nascida em São Paulo, Virgínia Omena traz consigo a história marcante de uma infância financeiramente desafiadora, mas rica em valores. A mudança para Maceió aos sete anos, não apenas representou uma transição geográfica, mas também deu início à construção das suas primeiras lembranças da juventude que foi cravada em uma base sólida, enraizada na educação e nos princípios éticos transmitidos por seus pais.
“Meu pai era muito culto, apesar dos poucos recursos que tinha, gostava muito de ler. Cresci com ele sempre repetindo para mim e minha irmã que a gente precisava estudar muito se quisesse vencer na vida”, conta ao Eufêmea.
A influência do pai no amor pela leitura e a paixão por ensinar fizeram com que ela se graduasse em letras e alimentasse o desejo de trabalhar como tradutora de língua espanhola ou com literatura.
“O primeiro livro que li foi Dona Flor e seus dois maridos ainda criança, não entendi nada, mas li. Mesmo sendo desvalorizado, sempre me vi sendo professora. Minha ideia de ‘ser bem sucedida’ é ser feliz fazendo o que escolhi”.
O evento que mudou sua vida
Até que, por volta dos seus 17 anos, um evento trágico em sua família mudou completamente a sua trajetória. A perda da avó mergulhou Virginia em uma profunda depressão. Nesse momento sombrio, ela encontrou apoio em um grupo da igreja, marcando o início de uma jornada espiritual que se entrelaçaria com sua profissão.
“Quando entrei na igreja, comecei a fazer unhas não porque gostava, mas porque queria comprar minhas coisas, e meus pais não estavam em condições. Minha tia já fazia unhas e me ensinou. Logo em seguida, comecei a ter muitas clientes que eram da igreja.”
Nessa época, ela relata que tinha um emprego com carteira assinada, e as unhas eram consideradas um “extra”. No entanto, com o passar do tempo, o trabalho fixo acabou deixando-a infeliz, pois consumia todo o seu tempo, chegando ao ponto de mal conseguir ir à missa.
“Eu percebia que minhas clientes ficavam esperando eu sair do trabalho, às vezes 21h, para fazer as unhas. Deus conversou comigo e decidi sair e me dedicar exclusivamente”.
Da demissão à realização profissional
A busca pela lapidação espiritual e a necessidade de mais tempo para suas atividades missionárias levaram Virgínia a uma decisão corajosa: pedir demissão do emprego formal e focar no atendimento domiciliar como manicure.
Hoje, já são 24 anos que ela transformou as unhas em uma expressão de espiritualidade, criando conexões, levando a palavra de Deus e cuidado a pessoas de diversas crenças.
“Eu sou super realizada porque consigo agregar meu trabalho ao de espiritualidade, de missionária, e através das unhas levar amor para as pessoas. Minhas clientes viraram grandes amigas”.
Além das unhas – arte e terapia
Hoje, a inquieta Virgínia transcende o papel de manicure. Além das unhas, ela explora mais o mundo da arte, cria quadros e está se dedicando a se tornar uma terapeuta.
“Meu foco são em terapias voltadas para mulheres, então tem tudo a ver, vou integrar o autocuidado e a beleza, expandindo minhas habilidades para abranger novas formas de me conectar com as pessoas”.