O Pinto da Madrugada vai desfilar neste sábado (3), na orla de Maceió. Para 2024, o Pinto terá uma ala feminina para homenagear duas mulheres: a maestrina Fátima Menezes, que faleceu em setembro de 2023 e era uma ativista da cultura alagoana, e a alagoana Nise da Silveira. A ala feminina é comandada pelo Instituto Café Delas, que introduz, dentro do bloco, a campanha do “Não é Não.”
O Eufêmea conversou com a musicista Mari Jatobá, integrante do Coretfal e uma das organizadoras do Pinto da Madrugada sobre a maestrina Fátima Menezes.
Fátima dedicou sua vida inteiramente à música, assumindo a regência do Coretfal nos anos 80, quando recebeu a batuta de sua mãe Maria Augusta, fundadora do grupo. Reconhecida por inovar, sempre referenciava a cultura alagoana nos figurinos dos coralistas e nas coreografias. Enquanto esteve sob sua direção, o coral acumulou prêmios nacionais e internacionais, chegando a ficar em segundo lugar em um festival na Europa.
Mari conheceu Fátima em 1976, através de dona Maria Augusta, que era sua professora na época. Foi ela também que disse a Mari que deveria se juntar ao Coretfal, que agora estaria sob a regência de sua filha. Unidas pela música, as duas se tornaram “amigas-irmãs”, como ela mesma define, e compartilharam momentos únicos enquanto atuavam no Coretfal.
“Em uma das nossas viagens com o grupo à Europa, fomos para a Itália e saímos cantando músicas de carnaval pelas ruas. Todos olhavam para nós sem entender nada, mas estávamos muito felizes “, relembra.
Testemunha ocular da história de Fátima, ela não mede palavras para descrever a dedicação da amiga à música. De acordo com Mari, Fátima nunca parou de estudar e buscar novas referências para agregar ao coral.
Sua dedicação era ímpar, permanecendo à frente do Coretfal mesmo após seu diagnóstico. Sua última apresentação foi no Teatro Deodoro, um mês antes de seu falecimento.
Na ocasião, apesar de sua saúde debilitada, ela se esforçou para fazer alguns direcionamentos aos coralistas, “foi uma despedida”, conta Mari. A parceria das duas durou até os últimos dias. Quando Fátima precisou ir a São Paulo começar o tratamento contra o câncer, Mari foi a escolhida para acompanhá-la.
Homenagem
As duas também compartilhavam a paixão pelo carnaval e, por inúmeras vezes, estiveram presentes nos desfiles do Pinto da Madrugada cantando marchinhas nos carros alegóricos. Como uma das organizadoras, este ano Mari não terá a presença física de sua amiga, mas encontrou nos figurinos uma forma de fazer com que ela participe desse momento.
“Ano passado ela me pediu que eu fizesse uma roupa roxa para ela desfilar, mas como estava debilitada não conseguiu participar. Esse ano vou homenageá-la com uma roupa roxa, para que tenha uma característica dela.”
Ela também conta que as cores marcantes e as flores que estarão presentes nos figurinos foram inspiradas nas fantasias que Fátima usou nos desfiles anteriores.
O que podemos esperar da homenagem?
“O que podem esperar dessa homenagem é alegria. Não vai ser fácil para nós que passamos por ela, mas sei que ela vai estar intercedendo por nós.”
Ala feminina
O Bloco “Não é Não!” chega à sua segunda edição em Maceió na ala feminina do Pinto da Madrugada, consolidando-se como uma voz impactante na luta contra a violência contra a mulher e reforçando a mensagem de que o lugar da mulher é onde ela quiser.
Uma das iniciativas do Instituto Café Delas é, além de levar a campanha Não é Não, é homenagear duas mulheres simbólicas e que foram importantes.
“Sou psicóloga e sei da importância de Nise da Silveira para toda sociedade; por este motivo, pensamos nela, afinal, também estamos falando sobre saúde mental quando proporcionamos esses momentos. E homenagear a Fátima também é emocionante! Ela teve uma forte atuação na cultura alagoana, brilhando na avenida”, disse a CEO do Café Delas, Diana Moura.