“A minha pré-candidatura não é fruto de um desejo pessoal, mas sim de uma decisão coletiva para representar em Maceió a luta organizada do nosso povo.” A declaração é de Lenilda Luna, jornalista, radialista, pedagoga, integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário e a única mulher entre os pré-candidatos à Prefeitura de Maceió nas eleições de 2024.
Ao longo de sua carreira, Lenilda Luna foi uma das responsáveis por implementar a programação local da TV Educativa e apresentar e dirigir o primeiro telejornal local. Ela também atuou como assessora da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e foi aprovada no primeiro concurso público da Universidade Federal de Alagoas para o cargo de assessora de comunicação, posição que ocupa há 20 anos.
Infância e Formação
Filha de alagoanos, Lenilda Luna nasceu em Cabo, Pernambuco, para onde seus pais migraram a trabalho. Durante a gravidez de sua mãe, a família, que vivia em um bairro periférico, foi afetada pelas cheias durante o período chuvoso, forçando-os a deixar sua residência. “Devido a isso, eu nasci com muitas infecções. Ou seja, já nasci lutando pela vida!”, relembra.
Apesar de ter crescido em um ambiente com mulheres fortes e ativas que serviram de referência ao longo de sua vida, Lenilda também relembra que situações de violência doméstica faziam parte do seu ambiente familiar.
“Essas experiências me ensinaram que, se você é mulher, precisa lutar todos os dias para ter uma vida digna e autônoma”, completa.
Apesar das adversidades na infância, Lenilda afirma que sempre foi muito dedicada aos estudos e começou a trabalhar cedo, atuando como recreadora infantil e educadora sindical. Mais tarde, formou-se em Pedagogia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC-BA) e em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Diagnóstico do Filho
Durante anos, Lenilda precisou atuar em mais de um emprego para complementar sua renda, totalizando uma jornada de trabalho de mais de 10 horas diárias. Paralelamente, conciliava os trabalhos domésticos com as demandas da maternidade. Em 2014, ao começar a investigar as dificuldades de aprendizado de seu filho, decidiu deixar os outros empregos e permanecer apenas na Ufal.
O diagnóstico definitivo de seu filho só veio cinco anos depois: Transtorno do Espectro Autista (TEA). “A investigação começou quando ele tinha 8 anos, mas só foi concluída em 2019, quando ele estava com 13. Foram necessários vários exames e consultas, além de avaliações por três neuropediatras”, relembra.
Pré-candidatura
Sobre sua pré-candidatura, Lenilda Luna afirma: “É uma tarefa que me foi confiada pelo coletivo e que recebo como uma missão de contribuir com a conscientização social de que ‘só o povo salva o povo’, como diz o lema do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)”. Ela é pré-candidata pelo partido Unidade Popular pelo Socialismo (UP).
Lenilda e o coletivo acreditam em uma sociedade justa, voltada a atender às principais necessidades da população, como moradia, saúde, lazer, educação, transporte digno e trabalho. Para isso, ela defende uma “profunda reforma urbana, que garanta moradia digna a todas as famílias”.
Reconhecida por sua atuação como liderança sindical e feminista autodeclarada, Lenilda afirma que os direitos das mulheres, os direitos trabalhistas e o desenvolvimento de políticas públicas com a fiscalização popular são suas prioridades.
Machismo na Política
Apesar de estar ciente das dificuldades enfrentadas por uma mulher em um ambiente dominado por homens, como a política, Lenilda afirma que não enfrenta as situações de misoginia sozinha.
“Tenho o apoio das companheiras do Movimento de Mulheres Olga Benário e de muitas mulheres atuantes e corajosas que apoiam essa pré-candidatura. Vamos juntas!”, declara.