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A dualidade da mulher ao desempenhar os papéis materno e profissional

Venho aqui hoje para compartilhar algo que já me afligiu muito, mas que tenho aprendido a lidar cada vez melhor, minimizando os danos colaterais. Não estou completamente ‘curada’ e sei que nunca estarei, mas é uma grande vitória para nós, mulheres, alcançar pelo menos 80% nos dias de hoje, mesmo diante de tanto julgamento social, muitas vezes promovido e sustentado por nós mesmas. Como mãe, profissional e psicóloga, sinto o dever de ajudar aquelas que hoje enfrentam esse sofrimento.

Ser uma ‘mãe suficientemente boa’ implica proporcionar um ambiente seguro, amoroso e de apoio para os filhos. Trata-se de atender às necessidades emocionais e físicas das crianças de forma consistente e carinhosa, sem perseguir a perfeição inatingível preconizada pela sociedade e, frequentemente, mantida por nós mesmas.

Simultaneamente, ser uma profissional competente requer dedicação, habilidades e, muitas vezes, uma disponibilidade de tempo que pode entrar em conflito com as demandas da maternidade.

Quantas vezes você julgou rapidamente uma mãe que, naquele momento de sua observação, não parecia estar agindo da maneira que você julga ser a correta na criação de seu filho? Quantas vezes você criticou uma mulher que não conseguiu cumprir uma tarefa no trabalho devido às suas responsabilidades maternas? Fazemos isso com avidez e naturalidade, mas será que nesse comportamento não falta a capacidade humana de empatia?

Então, vamos compreender as dificuldades de exercer esses papéis simultaneamente:

  1. Culpa e Autojulgamento: Muitas mulheres sentem culpa por não conseguirem se dedicar totalmente a um papel sem comprometer o outro. Essa culpa pode ser alimentada por esquemas de fracasso ou padrões de perfeccionismo, levando a uma autocrítica severa e uma sensação de inadequação.

2. Equilíbrio de Tempo: Gerenciar o tempo entre as responsabilidades profissionais e as necessidades familiares pode ser exaustivo. A sobrecarga pode ativar esquemas de privação emocional, fazendo com que a mãe se sinta esgotada e sem o suporte necessário.

3. Expectativas Sociais e Culturais: As expectativas impostas pela sociedade e pela cultura sobre o que significa ser uma boa mãe e uma profissional de sucesso podem ser opressivas. Esquemas de padrões inflexíveis podem levar a uma busca incessante por atender a esses ideais, resultando em estresse e frustração.

4.Perda de Identidade: Navegar entre diferentes identidades pode ser confuso e desgastante. Esquemas de auto sacrifício podem fazer com que a mãe coloque as necessidades dos outros acima das suas, resultando em uma sensação de perda de identidade pessoal e profissional.

Diante de tudo isso, percebemos que precisamos trabalhar nossos esquemas para executar esses papéis de forma simultânea. A Terapia do Esquema pode te ajudar, assim como me ajudou, a fazer uma reconciliação desses papéis, oferecendo uma abordagem eficaz para entender e transformar os padrões emocionais e comportamentais que dificultam o equilíbrio entre a maternidade e a carreira profissional.

1. Identificação de Esquemas Desadaptativos: O primeiro passo é identificar os esquemas desadaptativos que estão em jogo. Esquemas como fracasso, privação emocional, auto sacrifício e padrões inflexíveis são comuns entre mulheres que tentam equilibrar esses papéis.

2. Reestruturação Cognitiva: Trabalhar na reestruturação cognitiva ajuda a desafiar e modificar os pensamentos disfuncionais associados aos esquemas. Por exemplo, desafiando a crença de que é necessário ser perfeita em ambos os papéis para ser suficiente.

3.Desenvolvimento de Modos Saudáveis: A terapia foca no desenvolvimento de modos saudáveis que promovam a autocompaixão e o equilíbrio. O modo de Adulto Saudável pode ajudar a gerenciar as expectativas e a cuidar de si mesma, enquanto o modo de Criança Saudável pode promover a alegria e a espontaneidade tanto na vida pessoal quanto na profissional.

4.Estratégias de Enfrentamento: Aprender e praticar estratégias de enfrentamento eficazes para lidar com o estresse e a sobrecarga. Isso pode incluir técnicas de mindfulness, organização do tempo e busca ativa de apoio social e profissional.

5.Estabelecimento de Limites: É crucial aprender a estabelecer limites saudáveis tanto no trabalho quanto em casa. Isso inclui delegar responsabilidades, dizer não quando necessário e criar espaços para o autocuidado.

Sentir-se competente como mãe e profissional simultaneamente requer uma abordagem equilibrada e compassiva. Reconhecer que é impossível ser perfeita e que ser ‘suficientemente boa’ é mais do que suficiente pode aliviar a pressão e promover uma sensação de competência e realização.

    Conciliar a maternidade com a carreira profissional é um desafio complexo que muitas mulheres enfrentam. A Terapia do Esquema oferece ferramentas valiosas para entender e superar os esquemas e modos que dificultam essa conciliação, promovendo um equilíbrio saudável entre ser uma mãe suficientemente boa e uma profissional competente.

    Ao adotar uma abordagem compassiva e equilibrada, é possível sentir-se realizada e competente em ambos os papéis, levando a uma vida mais satisfatória e harmoniosa. Cuide-se! Ame-se!

    Estou no Instagram: @vinculos.psi

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    Natasha Taques

    Psicóloga clínica (CRP-15/6536), formada em Terapia do Esquema pelo Instituto de Educação e Reabilitação Emocional (INSERE), Formação em Terapia do Esquema para casal pelo Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC).