Foto: Thallysson Alves / Ascom HGE
Com muita energia e disposição, quando não estão estudando ou dormindo, as crianças dedicam seu tempo para brincar, seja dentro das residências, nos playgrounds ou parquinhos de estabelecimentos comerciais e nas praças e parques.
Porém, é preciso que os responsáveis redobrem a atenção para evitar que a brincadeira não acabe em acidente, uma vez que pedalar, correr e até pular, podem ser ações perigosas, quando o espaço físico oferece algum tipo de risco, conforme alerta a pediatra Andréa Pinheiro, que atua no Hospital Geral do Estado (HGE), responsável pelo atendimento de 822 crianças vítimas de acidentes casuais no período de janeiro a junho deste ano.
Andréa Pinheiro ressalta que, quando as brincadeiras ocorrem ao ar livre, mas em locais protegidos e sob a supervisão de adultos, as chances de ocorrerem acidentes diminuem drasticamente. Entretanto, quando as crianças brincam dentro dos lares, o perigo pode estar na cozinha, mas as fiações elétricas não podem ser esquecidas, tampouco os produtos tóxicos, ressalta a pediatra do maior hospital público de Alagoas.
“Devido à correria dos pais, principalmente quando trabalham fora de casa, nem sempre é possível supervisionar cada passo da criança. Mas é necessário sempre ter um responsável por perto, principalmente se os pequenos tiverem menos de 10 anos de idade. Isso porque os acidentes resultam, na maioria das vezes, da curiosidade, da inexperiência, do espírito aventureiro e investigador e da percepção limitada do ambiente onde está. Por isso, cabe aos mais velhos não subestimar a criança em suas capacidades e habilidades, oferecendo-lhe supervisão constante e atenta”, explica a pediatra do HGE.
Susto
Ana Lúcia da Conceição Silva levou um susto nesta na última terça-feira (2). O seu neto, de 10 anos, saiu para pedalar com o irmão na rua, no bairro do Jacintinho e, de repente, chegaram várias crianças assustadas, contando que ele havia caído. Para piorar, quando a dona de casa chegou ao local do acidente, encontrou o menor se debatendo no chão. A sua reação foi pedir ajuda e levá-lo imediatamente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
“Disseram que ele estava correndo e bateu contra um pedaço de pau. Com o choque, ele caiu e levou uma forte pancada na cabeça. Eu fiquei desesperada! Na UPA, fizeram alguns exames, medicaram e disseram que precisavam transferi-lo para o HGE. Quando chegou ao HGE, foi reavaliado, levado à tomografia computadorizada, que identificou uma pequena fratura no crânio, cujo tratamento será conservador”, relata a avó, que tem outros oito netos.
E segundo a pediatra do HGE, Andréa Pinheiro, o acidente sofrido pelo neto de Ana Lúcia da Conceição Silva poderia ter danos maiores, uma vez que a criança não usava equipamentos de proteção, como capacete, cotoveleira e joelheira. Ela alerta que a hospitalização de uma criança gera um enorme sofrimento emocional para toda a família, além de trazer consequências que podem resultar em sequelas permanentes e perda de inúmeras horas de escola, lazer e trabalho, no caso dos pais.
“Supervisão constante e atenta, ciência dos perigos e riscos e compreensão das fases do desenvolvimento de seu filho. Desse modo, podem, assim, se antecipar com a adoção de medidas corretas de prevenção, como a criação de uma casa segura, com o uso de equipamentos adequados. A criança ganha autonomia conforme cresce e logo terá a idade para reconhecer os riscos e perigos aos quais está sujeita. Até lá, a supervisão e a proteção nunca são demais”, afirma Andréa Pinheiro.
Assistência
E segundo a pediatra do HGE, como a unidade hospitalar é referência em traumas pelo Sistema Único de Saúde [SUS], os casos de Média e Alta Complexidade são encaminhados pela Central de Regulação do Estado. Entretanto, ela lembra que no hospital é porta aberta para a Pediatria, ou seja, também acolhe todos os casos pediátricos que chegam de forma espontânea todos os dias da semana, 24 horas por dia.
E conforme as estatísticas apresentadas pelo HGE, só nos primeiros seis meses deste ano a unidade atendeu 822 crianças em razão de acidentes casuais, no mesmo período do ano passado o número foi ainda maior, chegando a 994. Os meninos têm sido os que mais têm chegado com ferimentos causados por esses descuidos. Comparados com as meninas, neste ano e em 2023, mais de 60% dos casos foram do sexo masculino.
No geral, em 2023, o HGE registrou 1.855 acidentes casuais com crianças e 2.550 no ano anterior. No Brasil, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os acidentes representam a principal causa de morte entre crianças e adolescentes de 1 a 14 anos. Eles causam cerca de 13 óbitos por dia e são responsáveis pela hospitalização de mais de 120 mil jovens. Estes dados são ainda mais impactantes ao sabermos que mais de 90% desses eventos poderiam ter sido evitados com medidas simples de prevenção.
*Com Assesoria