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Única mulher a ser prefeita de Maceió, Kátia Born relembra desafios e fala sobre representatividade

Você sabia que Maceió teve apenas uma prefeita em sua história? Entre 68 prefeitos, Kátia Born foi a única mulher a administrar a capital de Alagoas. No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população, totalizando quase 105 milhões, segundo o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de serem a maioria, sua presença nas instâncias de poder político ainda é baixa.

Quem é Kátia Born?

A trajetória política de Kátia Born iniciou-se em 1982, quando foi eleita vereadora pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Na Câmara de Vereadores, onde foi a primeira mulher a presidir, Kátia trabalhou pela criação da Delegacia da Mulher e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher.

Em 1996, ela foi eleita prefeita de Maceió pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), tornando-se a primeira mulher a exercer o cargo na capital alagoana. Kátia foi reeleita em 2000, enfrentando seis candidatos no primeiro turno e vencendo no segundo turno. Atualmente, Kátia é Secretária de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social de Alagoas.

Mulheres na política e 1996

Em entrevista ao Eufêmea, Kátia Born, relembra seu primeiro mandato como prefeita de Maceió. Ela relata ter enfrentado diversos desafios, incluindo altas expectativas e críticas constantes de alguns setores da imprensa e da oposição.

“Os maiores desafios que enfrentei como prefeita foram as provocações de alguns setores. Parecia que minha presença era imprescindível de domingo a domingo”, relembra Kátia.

De acordo com ela, o período eleitoral de 1996 foi notável não apenas pela sua vitória, mas também pelo fato de duas mulheres chegarem ao segundo turno. Para Born, Heloísa Helena, que havia sido eleita vice-prefeita com Ronaldo Lessa, também desempenhou um papel importante na política local.

“Foi um momento muito importante porque nós sempre fomos duas mulheres muito aguerridas, mobilizando os segmentos de toda a sociedade. Acho que, a partir daí, com nossas vitórias, fomos eleitas quase com o dobro de votos do primeiro mandato. Mesmo assim, não conseguimos atrair muitas mulheres para a política”, destaca Kátia.

“Tivemos candidatas a deputada como Genilda Leão, que ficou na primeira suplência, e depois a vereadora Tereza Nelma, mas a participação política das mulheres ainda era muito pequena”, continua.

Barreiras

A representatividade feminina na política sempre foi um tema central para Kátia Born. Embora tenha havido progressos, ela reconhece que a participação das mulheres no executivo ainda enfrenta barreiras significativas.

“Acho que houve um aumento da representatividade política em Maceió, mas não no Executivo. Houve algumas candidatas mulheres, mas sem aquele envolvimento massivo da sociedade. Conseguimos fazer um movimento muito grande”, afirma.

Mesmo com os desafios, Kátia Born diz que continua otimista sobre o futuro da participação feminina na política. “A luta pela questão da mulher nunca deixou de existir. Acho que as mulheres estão avançando muito em secretarias e no comando do poder empresarial”, observa.

De acordo com ela, os próprios partidos e lideranças masculinas ainda têm maior poder do que as candidaturas femininas.

“Para as candidaturas de mulheres, é muito mais difícil obter investimento, mesmo com as cotas de 30%. Os partidos políticos de esquerda recebem menos recursos porque não têm tanto investimento quanto os partidos de direita”, destaca Kátia.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas. Colaboradora do portal Eufêmea.