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Caso Maria Aparecida: irmã da vítima diz que acusado impedia visitas familiares e era violento

Maria Aparecida Bezerra. Foto: Reprodução/Instagram

Atualizada às 14:26

Nesta terça-feira (6), acontece o julgamento de Alisson José Bezerra da Silva, acusado do assassinato de sua esposa, a advogada Maria Aparecida Bezerra, em 2022. O crime ocorreu no Loteamento Casa Fortes, no bairro Antares, em Maceió. O julgamento está sendo conduzido pelo juiz Yulli Roter, no Fórum da Capital.

Maria Aparecida, de 54 anos, já havia trabalhado como policial militar, mas tinha pedido afastamento para se dedicar à carreira de advogada. Ela integrou a Comissão de Defesa das Prerrogativas da Ordem dos Advogados (OAB) de Alagoas.

Leia mais: Advogada é morta a facadas pelo marido em Maceió

Durante o julgamento, o promotor de Justiça, Antônio Vilas Boas, ouviu o depoimento de Cleonice das Dores da Silva, irmã da vítima. Ela relatou que a família nunca aprovou o relacionamento, citando comportamentos controladores e abusivos por parte de Alisson. Cleonice afirmou que ele impedia visitas familiares e era violento desde o início da convivência.

Foto: MP

Ela descreveu ainda que a vítima vivia sob vigilância, com câmeras instaladas até em seu escritório para monitorar suas interações com clientes. Segundo Cleonice, Aparecida estava com medo de ser assassinada, principalmente após casos em que Alisson agiu de forma agressiva, inclusive na presença dos filhos do casal.

“A filha dela dizia à mãe que o relacionamento era tóxico, que ele pegava a faca várias vezes e, numa dessas vezes, o menino de 12 anos correu e se abraçou à irmã, pedindo para orarem juntos porque o pai estava com a faca e ia matar a mãe deles”, informou a irmã da vítima.

Cleonice mencionou que a relação entre Alisson e Maria Aparecida, que durou 17 anos e foi oficializada em 2015, era marcada por dependência emocional e ameaças constantes. Ela relatou episódios em que Alisson agredia a mãe de Maria Aparecida, uma idosa com Alzheimer, que morava com eles.

A irmã revelou ainda que não visitava a casa do casal há cinco anos, após descobrir um relacionamento extraconjugal de Alisson. No dia do crime, todas as câmeras da casa estavam ligadas, exceto a da cozinha, onde Maria Aparecida foi morta.

“Os filhos não gostavam dele porque estavam acostumados a ouvi-lo chamando Aparecida de vagabunda e outros adjetivos que desqualificam”, disse a irmã.

“Ir até o fim lutando por ela”

A filha do casal, Ana Beatriz, também prestou depoimento, descrevendo o relacionamento dos pais como conturbado. Ela afirmou que Alisson era violento tanto com Maria Aparecida quanto com os filhos, mencionando um episódio em que o irmão se urinou após apanhar do genitor. 

Ana também informou que não reconhece Alisson como pai, se referindo a ele apenas pelo nome, e que aconselhava a mãe a se separar devido à violência. Ela disse que, apesar de ser nova, quando presenciava as agressões, conversava com a mãe e dizia: “Mãe, por que a senhora não se separa? Eu nunca vou querer um relacionamento desse na minha vida.”

Ela relatou que Maria Aparecida era emocionalmente dependente de Alisson e frequentemente chantageada por ele. A filha do casal também testemunhou agressões contra a avó materna e revelou que a mãe era proibida de cuidar da avó, tarefa que ficou sob sua responsabilidade.

Ana Beatriz contou que Alisson trabalhava fora durante a semana, mas controlava a mãe por câmeras, e que a atmosfera em casa era tensa, com todos vivendo “pisando em ovos”. Além disso, confirmou que Alisson retirava o carro e as chaves de casa durante brigas, impedindo Maria Aparecida de usar.

Ana Beatriz afirmou não ter contato com a família do genitor e declarou sua determinação em lutar por justiça para a mãe, dizendo: “Estou preparada para ir até o fim lutando por ela. Não vou descansar até o assassino dela ser condenado.”

Relembre o caso

Alisson Bezerra, de 44 anos, matou a esposa, identificada como Maria Aparecida Bezerra, de 54 anos, a facadas num conjunto residencial no bairro Antares, na parte alta de Maceió.

De acordo com a Polícia Militar (PM), durante o crime, ele ligou para uma tia, que foi ao local e encontrou o sobrinho ao lado do corpo de Maria. Em seguida, Alisson desferiu golpes de faca contra o próprio corpo, atingindo o tórax e pescoço.