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Arquiteta recupera a visão após transplante de córnea: “Dizer sim à doação é um ato de amor e esperança”

Foto: Micael Oliveira / Ascom Sesau

Voltar a enxergar com o olho direito foi a maior conquista da vida da arquiteta Pauline Marques, de 29 anos. Um transplante de córnea de urgência permitiu que ela recuperasse a visão após contrair uma bactéria no pós-operatório de uma cirurgia refrativa.

Pauline tinha 27 anos quando decidiu realizar o procedimento de correção ocular, uma cirurgia a laser que corrige miopia, hipermetropia e astigmatismo. “Tinha acabado de me formar quando optei pela cirurgia. Não esperava que algo desse errado, pois é um procedimento bastante comum. Esperei até o fim da faculdade para realizar a operação, já que não sabia como seria o pós-operatório”, relembrou.

Diante de um diagnóstico de urgência, com risco de perda do globo ocular, a arquiteta teve prioridade na lista de espera para o transplante de córnea. “Dado a gravidade do meu quadro, era necessário realizar um transplante de urgência, pois não só a visão estava em risco, mas também o globo ocular inteiro”, relatou Pauline.

Ela recorda, emocionada, os dez dias que passou sem enxergar com o olho direito enquanto aguardava o transplante. “Foram dias angustiantes! A espera pela córnea, as incertezas sobre quando ela apareceria, se eu voltaria a enxergar, se o outro olho também precisaria de transplante… Esses dias pareceram anos. O medo e a ansiedade de como seria minha vida a partir daquele momento eram imensos. Mas, finalmente, recebi a ligação para o transplante”, contou.

Ainda na lista de espera para o transplante de córnea do olho esquerdo, Pauline ocupa a 190ª posição. “Meu olho esquerdo ainda precisa de transplante, e há 189 pessoas na minha frente. É importante que as pessoas se conscientizem sobre o impacto da doação de órgãos na vida de quem precisa”, frisou.

A arquiteta destacou a necessidade de conscientizar os familiares sobre a doação de órgãos. “Só entendemos a importância da doação quando precisamos de um órgão. Como esse tema não é muito discutido na sociedade, é fundamental que o assunto seja abordado em família, para que nossos entes saibam qual é a nossa posição diante dessa questão. Dizer sim à doação é um ato de amor e esperança, tanto para quem recebe quanto para quem doa”, afirmou.

Como funciona a doação?

A Central de Transplantes de Alagoas segue normas estabelecidas por lei para identificar os receptores ideais para cada órgão doado. Além da tipagem sanguínea, são analisados dados antropométricos, compatibilidade genética e a gravidade do quadro do paciente.

Em Alagoas, entre janeiro e agosto, foram realizados 95 transplantes, sendo 86 de córneas, seis de fígado e três de rim. Das 536 pessoas que aguardam um transplante no estado, 512 estão na fila por uma córnea, 18 por um rim e seis por um fígado.

A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, enfatiza que a campanha “Setembro Verde” tem como objetivo intensificar a conscientização sobre a doação de órgãos. Durante este mês, são esclarecidos mitos, tabus e dúvidas que envolvem o processo de doação, já que para realizar um transplante é essencial que haja a autorização da doação.

“Em primeiro lugar, é importante que cada um decida ser um doador, pois essa decisão é pessoal. Depois, precisamos comunicar essa escolha aos nossos familiares, pois, no momento de dor, são eles que decidirão se haverá ou não a doação de órgãos”, destacou Daniela Ramos.

*com Assessoria