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Quem é a psicopedagoga que faz da Sala de Recursos Multifuncionais um espaço de inclusão e cuidado

Foto: Seduc

Você sabe o que é uma Sala de Recursos Multifuncionais? O nome pode até soar muito técnico, mas o espaço funciona como um porto seguro para muitos estudantes da rede estadual. Nesta quarta reportagem da série especial da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em homenagem ao Dia do Professor, vamos entender melhor como esse instrumento funciona e conhecer uma educadora que faz toda a diferença nesse cenário: a psicopedagoga Arly Rijo.

Na Escola Estadual Professor Theotônio Vilela Brandão, localizada na parte baixa da capital alagoana, a psicopedagoga se tornou uma fonte de inspiração, encontrando no Atendimento Educacional Especializado (AEE) sua missão de vida. Graças a ela, estudantes com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento não só têm a oportunidade de aprender no ensino regular, mas também de se desenvolver como cidadão e superar seus próprios desafios.

Um espaço de todos e para todos

A Sala de Recursos Multifuncionais é um ambiente que celebra a diversidade, garantindo que estudantes com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou superdotação sejam plenamente incluídos na educação regular. Criadas em 2014 com base no Plano Nacional de Educação (PNE), essas salas asseguram não só a matrícula desses alunos, mas também seu direito à participação ativa em turmas regulares, oferecendo o Atendimento Educacional Especializado.

Cada escola pública deve contar com uma dessas salas, coordenada por um profissional capacitado em educação inclusiva. O Atendimento Educacional Especializado, realizado no contraturno, complementa as aulas regulares, proporcionando apoio personalizado aos alunos com necessidades específicas, como autistas, deficientes físicos, intelectuais ou sensoriais, e estudantes com altas habilidades.

Na Escola Estadual Professor Theotônio Vilela Brandão, porém, a psicopedagoga Arly Rijo decidiu ir além. Ela transformou o espaço em um ambiente acolhedor e inclusivo para todos os alunos, independentemente de terem necessidades específicas. Durante os intervalos, a sala se abre para rodas de conversa – onde os estudantes desabafam sobre suas questões pessoais – e para momentos de jogos educativos como xadrez e quebra-cabeças, os quais estimulam o raciocínio lógico. O clima de união é tão forte que a sala agora abriga um clube de xadrez, que acontece todas às quartas-feiras e já organizou campeonatos oficiais na escola em parceria com a Liga Brasileira de Xadrez e a Federação Alagoana de Xadrez.

“Inclusão verdadeira só acontece quando todos participam”, explica Arly. Para ela, a sala se tornou uma rede de apoio, onde os alunos criam laços de amizade, aprendem a lidar com as diferenças e compreendem melhor as dificuldades enfrentadas por colegas com deficiências e transtornos globais de desenvolvimento. “Eles descobrem, por exemplo, o que são estereotipias e como as pessoas atípicas enxergam o mundo”, conta.

Arly acredita que essa convivência promove empatia e reduz a intolerância, permitindo que todos brilhem em suas individualidades. “Temos que fomentar a integração na prática, oferecendo atividades que envolvam todos os estudantes. Se não fizermos isso, corremos o risco de reforçar a segregação que tentamos combater”, reforça ela.

O impacto social na prática

A professora destacou que a mudança no comportamento dos estudantes é algo perceptível por toda a comunidade escolar, inclusive, pelas famílias. Segundo ela, antes, alguns estudantes eram tão tímidos que sequer saiam da sala de aula para ir ao banheiro, por exemplo. Agora, tudo mudou. Esses mesmos alunos estabeleceram amizades e estão se dedicando a superar seus desafios, cada um com suas particularidades e conquistas.

Júlio Leonardo compartilha a importância do atendimento especializado para a sua vida. “Comecei a frequentar a sala no meu primeiro ano na escola e posso dizer que minha vida mudou. Eu era muito fechado, tímido, não conseguia fazer amigos, mas, agora, o que eu mais tenho nessa escola são amigos. Me sinto feliz e acolhido com o atendimento da professora. Já até decidi que quero estudar design gráfico”, revelou ele. Prestes a concluir o ensino médio, o estudante também se considera um artista e recentemente viveu um momento de grande orgulho: uma de suas obras, intitulada “O olhar de Caroline”, está exposta na mostra “A arte e os cinco sentidos: uma ferramenta de protagonismo e inclusão”, que teve sua estreia no dia 26 de agosto, na Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos.

Micael Marçal, estudante do 2º ano do ensino médio, relata uma experiência similar à de seu colega Júlio. “Aqui, tenho a liberdade de conversar sobre qualquer assunto, de me expressar e de ser quem realmente sou. Esta sala é muito importante para ajudar as pessoas a enxergarem aqueles com deficiências como indivíduos capazes de realizar qualquer coisa, em vez de olhar com uma visão de piedade, de pena”, destaca ele. Embora ainda esteja no segundo ano, Micael já tem grandes aspirações, como seguir um curso da área de comunicação. Ele acredita que as habilidades que desenvolveu na escola foram fundamentais para que ele descobrisse seu potencial comunicativo e suas vocações. “Sinto que estou preparado para enfrentar os desafios que estão por vir”, conclui o estudante, refletindo a confiança e orgulho de si mesmo.

Satisfação profissional

As boas práticas da professora Arly Rijo são motivo de orgulho para todos que compõem a comunidade escolar da Escola Estadual Professor Theotônio Vilela Brandão. Sidcley Duarte, diretor adjunto da unidade, ressalta que a psicopedagoga está promovendo uma mudança cultural para que as diversidades sejam aceitas e respeitadas. “Ficamos muito satisfeitos quando passamos a ter a sala de recursos e oferecer esse apoio para os estudantes. Hoje, inclusive, já temos dois estudantes autistas que não precisam fazer avaliações readaptadas, conseguindo desenvolver as mesmas habilidades que seus colegas sem nenhuma condição. Além disso, nossos estudantes conquistaram medalhas de prata e bronze nos campeonatos estaduais de xadrez em 2022 e 2023, elevando ainda mais o nome da nossa escola. O trabalho da Arly é essencial para todos nós e prova que tudo é possível quando os estudantes têm o apoio necessário”, destaca o gestor.

Emocionada, a psicopedagoga abre seu coração e descreve o que é ser professora. “Ser professora é viver o amor, é fazer o outro brilhar, é contribuir com todas as profissões, é acreditar no poder transformador da educação. Minha inspiração diária é ver esses meninos brilhando, cada vez mais confiantes e acreditando em si. Para mim é uma alegria tamanha quando ouço que eles estão evoluindo na sala de aula, estão aprendendo, fazendo amigos, melhorando na terapia. Ensinar é missão e eu tenho a certeza de que estou cumprindo a minha”, finaliza Arly.

*Com Assessoria