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De SP para Maceió: ela criou o Espaço Japinha para vender semijoias e descobriu uma paixão pelo artesanato

“A moda é cíclica; ela vai e volta. Meus clientes, em sua maioria, preferem peças que resistem ao tempo, que podem ser usadas sempre, independente das tendências. Eu prefiro vender produtos resistentes, em vez de algo que se usa hoje e, amanhã, já não se quer mais”, afirma Milene Mizushima, empresária e fundadora do Espaço Japinha, loja de semijoias em Maceió.

A empresária nasceu em Guararapes, no interior de São Paulo, e a família passava por dificuldades financeiras da época. “Nasci em uma cidade pequena, com poucos recursos, e minha família também não tinha muito, mas tivemos uma infância maravilhosa”, relembra.

Junto com seus irmãos, ela decidiu se mudar para a capital paulista em busca de uma vida melhor e conta que sempre teve um espírito empreendedor. Em São Paulo, Milene e a irmã iam ao Brás para vender roupas e joias. “Sempre tive esse sangue de vendedora correndo nas veias”, comenta.

Paixão por Maceió e o recomeço

Em 1986, durante sua lua de mel em Maceió, Milene se apaixonou pela cidade. “O mar, as praias, o calor… foi amor à primeira vista. Eu disse ao meu marido: ‘Vamos morar aqui!’”. Em poucos meses, eles se instalaram na capital alagoana.

No entanto, os desafios logo apareceram. “Comecei a procurar emprego, mas o salário aqui era muito inferior ao que eu ganhava em São Paulo. Não era suficiente para me sustentar”, relata. Para complementar a renda, ela voltou a fazer o que sabia fazer de melhor: vender. Dessa vez, apostou nas semijoias, atendendo clientes de porta em porta. “Minha loja realmente era dentro do carro”, conta.

Com o tempo, Milene percebeu a necessidade de ter um espaço fixo. Primeiro, abriu um showroom e, mais tarde, decidiu dar um passo além, criando a sua própria loja. “Resolvi abrir um ponto comercial para atender meus clientes e atrair quem passa pela rua”, explica.

Segundo Milene, o pequeno espaço logo se transformou em um ambiente acolhedor, amado por seus clientes. “Ficou um lugar muito agradável, e todos comentavam: ‘Nossa, aqui é um lugar gostoso’. Acabou virando um divã, onde as pessoas conversam e se sentem à vontade”, disse.

Mercado das Semijoias

Milene contou que o nome “Espaço Japinha” surgiu naturalmente. Conhecida por muitos como “Japinha” devido à sua ascendência japonesa, ela decidiu adotar o apelido como nome da loja. “Muitos já me conheciam por Japinha, então seria fácil de lembrar. Esse é o meu apelido e também parte da minha identidade, já que sou neta de japoneses”, explica.

Com o tempo, Milene viu o mercado e as preferências mudaram. Inicialmente, ela vendia peças de prata, mas, com o aumento da procura por peças douradas, passou a investir nas semijoias. “Os clientes conseguiram a pedir: ‘Eu quero dourado’. Foi aí que busquei as semijoias e me identifiquei, porque sempre gostei de me arrumar, de estar bem enfeitada, adoro o exagero. Eu era minha própria vitrine”, diz, com entusiasmo.

Para ela, oferecer o melhor para os filhos a motivou a continuar empreendendo. “O que me motivou a correr atrás, a trabalhar e a lutar pela sobrevivência foi o desejo de dar o melhor para os meus filhos, Ricardo e Gabriela. Esse sempre foi meu impulso para empreender”, reforçou.

Paixão pelo artesanato

A pandemia foi um momento desafiador, mas a empresária afirmou que trouxe uma transformação na forma de enxergar o consumo e o empreendedorismo. Após a pandemia, Milene decidiu investir em um antigo sonho: o artesanato.

“Resolvi fazer coisas novas, pois o artesanato sempre foi a minha paixão”, compartilha com entusiasmo. Ela se dedicou a criar produtos naturais, como sabonetes fitoterápicos. Inspirada por uma necessidade pessoal – o ressecamento da pele pós-menopausa –, ela conta: “Fui em busca de alternativas naturais, e agora estou amando fazer sabonetes. Meus olhos brilham porque estou produzindo sabonetes fitoterápicos”.

Para Milene, a satisfação de ajudar outras pessoas com seus produtos artesanais é imensa. “Tem os sabonetes íntimos incríveis, que tem ajudado várias pessoas… isso me trouxe uma felicidade imensa”, revela emocionada.

Outro exemplo é o sabonete de açafrão, que aliviou a dor de uma cliente que sofria com foliculite após a depilação. “Que coisa linda, né? Fazer algo com suas próprias mãos que melhore a vida de outra pessoa”, reflete.

Milene também está desenvolvendo produtos para cuidados capilares e capilares. Ela menciona um sabonete antirrugas e outro feito com dolomita, que ajuda a clarear o melasma e hidratar a pele. “É uma alegria imensurável saber que o produto está alegrando o coração do cliente; isso não tem preço”, afirma. Seu lançamento mais recente é um shampoo para queda de cabelo: “Meu cabelo caiu muito, e agora diminuído… daqui uns três, quatro meses eu vou poder ver e compartilhar os resultados”.

Para Milene, o artesanato é muito mais do que um meio de sustento; é um sonho realizado. “Meu sonho de vida era fazer artesanato e viver disso. Hoje, vejo essa porta, essa janela escancarada na minha vida, que é produzida algo com as mãos e ser benéfica na vida de outras pessoas”, conclui.

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Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.