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Doação de órgãos em Alagoas: Como funciona o processo de segurança e acompanhamento aos receptores

Um caso inédito marcou o sistema de transplantes do Rio de Janeiro, onde seis pessoas que faziam parte da fila da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) testaram positivo para o vírus HIV após receberem órgãos de dois doadores infectados. Esse episódio trouxe à tona a importância dos protocolos de segurança em transplantes de órgãos, levantando questões sobre o rastreamento de doadores no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em Alagoas, a Central de Transplantes afirma que segue rigorosamente os procedimentos de controle para garantir a segurança dos pacientes.

Triagem e testes de doadores

Ao Eufêmea, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, explica que o estado adota processos rigorosos de testagem, conforme determina a Lei Federal nº 9.434 de 1997, que regulamenta as normas nacionais para transplantes.

“Aqui em Alagoas, seguimos todas as normas técnicas para testar amostras de sangue dos potenciais doadores, prevenindo a coleta de órgãos contaminados por doenças infectocontagiosas ”, afirma.

De acordo com ela, esse processo visa impedir a transmissão de vírus como HIV, HTLV, hepatites B e C, Covid-19, entre outros. A coordenadora informa ainda que a Central de Transplantes de Alagoas atua em conformidade com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ligado ao Ministério da Saúde, que estipula a realização de testes de compatibilidade e detecção de doenças infectocontagiosas nos doadores.

Segundo Daniela Ramos, “os testes incluem HIV, sífilis, hepatites e outras doenças, conforme o que prevê a Lei dos Transplantes”.

Segurança para os pacientes

Foto: Cortesia

Além disso, Daniela explica que todo o processo de coleta e análise dos órgãos passa por revisões periódicas conduzidas por comitês de controle de qualidade, garantindo o cumprimento da legislação. “Antes de realizar o transplante, e evoluir para garantir que o procedimento ocorra sem intercorrências, a equipe transplantadora realiza exames nos receptores dos órgãos para identificar qualquer contaminação pré-existente”, diz.

Ramos reforça que a população alagoana pode confiar no processo de transplantes realizado no estado. “Para garantir que as normas sejam seguidas, são realizadas consultas regulares, e todo o fluxo é auditado. Nosso compromisso é com a segurança e qualidade do processo”, ressalta.

O monitoramento dos pacientes transplantados é essencial para o sucesso do procedimento. Segundo o coordenadora, a equipe responsável realiza exames antes do transplante para identificar qualquer infecção eventual. “Após o transplante, o acompanhamento é realizado a médio e longo prazos para monitorar a recuperação e adaptação ao novo órgão”, explica.

Exames periódicos verificam sinais de infecção ou surgimento de patologias, e o paciente segue um tratamento regular com imunossupressores, fundamentais para o sucesso do transplante. “Além disso, realizamos que indicam qualquer processo de infecção ou exames o surgimento de outra patologia. Para isso, o paciente transplantado participa de consultas médicas e exames regularmente, além de tomar imunossupressores diariamente”, completa.

Mitos e desinformação

Daniela avalia que, apesar dos avanços tecnológicos e do acesso à informação, mitos sobre a doação de órgãos ainda geram receitas.

“No caso de doação de órgãos, o medo e a desinformação ainda levam muitas pessoas a recusarem a doação, mesmo que tenham a intenção de se declararem doadoras ”, explica.

De acordo com ela, entre as principais preocupações está o medo de mutilação durante a coleta dos órgãos e a interferência de opiniões religiosas, que podem levar à recusa de sepultar o corpo sem os órgãos. “Também existem ideias equivocadas de que algumas condições de saúde impedem a doação, assim como a falta de informação sobre o processo de comprovação de morte encefálica, que ocorre em várias etapas e envolve exames clínicos e de imagem que confirmam a morte cerebral”, acrescenta.

Comunicação familiar

Para Ramos, o apoio familiar é crucial para viabilizar a doação de órgãos. “A primeira pergunta que uma pessoa deve fazer é: ‘Eu gostaria de doar meus órgãos e fazer a diferença na vida de alguém?’ Se a resposta for sim, é essencial comunicar essa decisão à família, pois, mesmo com um registro em documentos, a autorização final depende dos familiares”, orienta.

Ela acrescenta que, em momentos de perda, a clareza desse desejo pode ser determinante para que uma família decida pela doação. “Se esse desejo não seja claro, as chances de recusa são altas, diante do momento doloroso que a perda do ente querido representa”, conclui.

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Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.