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Mulheres fortes também choram

Semana passada, fui parar em um centro espírita. Digo “fui parar” porque estava dirigindo, a caminho de casa, quando uma intuição forte me empurrou a ir ao centro perto de onde moro, que já tinham me recomendado algumas vezes. Chegando lá, passei pelo atendimento fraterno e recebi um conselho que nunca esperaria ouvir: “Permita-se chorar, pelo bem da sua saúde física e mental…” Eu, sempre tão racional, me peguei refletindo profundamente sobre aquela mensagem. Que conselho!

Sempre fui vista como uma mulher forte. Na terapia, entendi que meu forte foi meu mecanismo de defesa para sobreviver ao caos que a vida foi. Mas ser forte me custou — e ainda me custa — muito. Ultimamente, tenho sentimentos dores no corpo, tensão constante, forte; meus ombros estão sempre duros, entende? O que tem me ajudado a aliviar isso são as massagens.

Não tem como ser diferente. Toda semana surge uma novidade, um problema, uma situação para resolver. Mas o curioso é que nada disso é realmente meu. Não é sobre mim; é sobre o outro. E, de alguma forma, isso me afeta, claro, mas me afeta também porque permito que isso entre na minha vida.

A mulher forte é sempre vista como alguém que não tem problemas ou, se tem, é capaz de resolvê-los rapidamente. A sensação é de que somos guerreiras, quase como a Mulher-Maravilha. Quando surge algo que nos faça sentir de verdade, nossa reação imediata é levantar as defesas e tentar não sentir, buscando uma justificativa racional para camuflar a dor, para conter o choro.

Ser forte não significa não sentir. Pelo contrário, reter emoções, ignorar a tristeza e sufocar o choro têm um preço alto — muitas vezes, um preço cobrado pela própria saúde física e mental.

Tenho buscado seguir o conselho de me permitir chorar e sentir. Isso não me torna menos forte; pelo contrário, é uma maneira de aceitar minha própria vulnerabilidade e de me acolher. Arrisco dizer que permitir-se chorar e sentir é, na verdade, um ato de autocuidado — é reconhecer que ser forte também significa saber quando é hora de parar, respirar e se dar espaço para curar.

Se hoje você é uma mulher forte, permita-se sentir; solte as lágrimas que estão aí guardadas. Elas também fazem parte da sua força.

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.