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Serial Killer de Maceió

Mulheres, jovens e de cabelos cacheados: vítimas de serial killer de Maceió tinham perfil semelhante, diz delegada

Identificado pela Polícia Civil como o maior serial killer da história de Alagoas, Albino Santos de Lima, de 47 anos, é responsável por dez assassinatos – sete mulheres e três homens. Albino confessou os crimes e, em depoimento, revelou que já planejava novas execuções. O caso veio à tona após uma matéria exibida no Fantástico, neste domingo (17).

A delegada responsável pelo caso, Tacyane Ribeiro, detalhou que as vítimas apresentavam características físicas semelhantes. “As mulheres tinham um perfil muito parecido: morenas, jovens, geralmente com cabelos cacheados. Entre elas, havia uma mulher trans com o mesmo perfil físico”, explicou.

Dos 10 assassinatos, sete eram mulheres e três homens, segundo a delegada. “Identificamos 10 vítimas, e nenhuma delas tinha envolvimento com facção criminosa”, afirmou. No entanto, o número de vítimas pode ser ainda maior. O serial killer confessou os crimes e justificou os assassinatos dizendo que “todas as vítimas integravam facções criminosas”.

“Ele não demonstra nenhum tipo de arrependimento pelo cometimento desses homicídios”, reforçou a delegada Tacyane Ribeiro.

Conforme as informações, durante o interrogatório, a delegada perguntou: “O senhor já tinha alguns alvos planejados para matar?” Albino respondeu: “Futuramente, eu iria começar a fazer outros planejamentos e outras execuções”, disse.

Caso Ana Beatriz

A vítima mais recente de Lima é Ana Beatriz dos Santos, 13. A adolescente foi assassinada na noite de 8 de agosto, em Maceió. Apesar de ter sido socorrida, ela não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Geral do Estado (HGE).

De acordo com as investigações, esse crime foi crucial para que a Polícia Civil identificasse um padrão nos homicídios, todos concentrados em um raio de aproximadamente 800 metros da casa de Albino Santos.

“Quando eu soube da notícia, foi como se a pessoa tivesse arrancado o pedaço do meu coração. Eu não estava querendo acreditar que isso tinha acontecido comigo”, desabafou Helyzabethe Bezerra Santos, mãe de Ana Beatriz, de 13 anos, assassinada por Albino em agosto deste ano.

Na noite do crime, Helyzabethe comemorava seu aniversário, enquanto Ana Beatriz saiu acompanhada da irmã mais nova e de duas amigas para dar uma volta no bairro. No caminho, a menina foi abordada e morta por Albino.

“Seguir a pessoa inocente, chegar ali e matar sem fazer nada com você? Isso não é um ser humano, não”, lamentou Regivaldo Rodrigues Tavares, pai de Ana Beatriz.

Investigações

As investigações progrediram com o suporte de exames de balística realizados pela perita criminal Suely Mauricio, que comprovou que a arma apreendida foi utilizada em todos os homicídios. A análise detalhada dos projéteis recolhidos nas cenas dos crimes, juntamente com o exame dos estojos de munição, permitiu à Polícia Científica cruzar dados e chegar à conclusão de que a pistola estava ligada a todos os assassinatos.

“Foi um trabalho de equipe, desde a coleta dos projéteis e estojos nos locais de crime periciados, a remoção de projéteis nos corpos das vítimas, no IML, e a apreensão da arma para produção dos padrões, que permitiram a realização dos exames de micro comparação balística, possibilitando identificar, caso a caso, que aquela arma apreendida foi a mesma utilizada nos crimes”, explicou Suely Mauricio.

Outro elemento que reforçou as evidências contra Albino foi o conteúdo encontrado em seu celular. No aparelho, foram localizados arquivos e imagens perturbadoras que mostravam registros das vítimas, em uma prática conhecida como “trophy hunting”.

O dispositivo continha pastas intituladas “Odiadas Instagram” e “Mortes Especiais”, onde ele guardava fotos das vítimas. Além disso, havia registros de Albino em cemitérios, posando ao lado de lápides de algumas das pessoas que ele assassinou.

“Odiada Instagram” e “Mortes especiais”

Ainda conforme as investigações, o assassino marcava no calendário as datas de seus crimes. Em alguns casos, ele chegou a visitar cemitérios e fotografar as lápides de suas vítimas.

“O celular foi formatado, mas conseguimos recuperar credenciais de contas dele. Com essas credenciais, recuperamos arquivos de mídia. Entre eles, havia dois diretórios específicos: um chamado ‘odiada Instagram’ e outro, ‘morte especiais'”, revelou Ivan Excalibur de Araújo Pereira, perito do caso.

“Os peritos encontraram várias fotografias de indivíduos que ainda estão vivos, seriam vítimas em potencial”, afirmou o delegado Gilson Rego Sousa, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa.

O assassino permanece preso e já foi indiciado em três inquéritos policiais por homicídios qualificados. A Polícia Civil de Alagoas segue apurando a extensão de seus crimes e trabalhando para identificar possíveis novas vítimas.