Colabore com o Eufemea
Advertisement

Reconstrução Mamária: opções, desafios e o papel no fortalecimento da autoestima feminina

Pacientes com câncer de mama geralmente precisam ser submetidas a mastectomia, cirurgia de retirada total ou parcial dos seios. Nesses casos, a reconstrução mamária é uma opção para contribuir para o estado emocional da mulher, tornando-se uma aliada para o restante do tratamento.

Segundo a médica especialista Lígia Teixeira, a reconstrução pode ser realizada com diferentes técnicas, dependendo do tipo de mastectomia realizada. Ela pode ser feita com próteses de silicone, retalhos musculares do próprio paciente, expansores ou até mesmo com transferência de gordura.

Foto: Cortesia ao Eufêmea

“A recuperação também varia de acordo com o tipo de retirada e o perfil do paciente. Reconstruções após a retirada parcial da mama costumam ser mais rápidas. Pacientes com estilo de vida saudável também costumam se recuperar melhor”, reforça a médica.

A médica também explica que, devido à condição de saúde da paciente, nem sempre é possível realizar uma cirurgia após uma mastectomia. “A reconstrução faz com que a cirurgia seja mais demorada, e tenha um risco maior de complicações”.

Ela também é contraindicada quando uma paciente vai realizar um tratamento adjuvante, como radioterapia, quimioterapia ou terapia biológica. Nesses casos, a atraso tardio pode ser uma opção, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.

Entre as possíveis sequelas após uma reconstrução mamária, a médica cita a permanência de cicatrizes, a presença de áreas suportáveis ​​na mama e o enrijecimento da mama nos casos de cirurgia com o uso de prótese.

Fortalecimento da autoestima

Foto: Cortesia ao Eufêmea

A reconstrução da mama é um passo importante para fortalecer a autoestima da mulher durante o tratamento. No entanto, pode levar algum tempo para que a paciente se acostume com sua nova versão.

Após uma mastectomia é comum que a mulher desenvolva sentimentos e percepções negativas sobre sua autoimagem, causando problemas em suas relações sociais, sexualidade, autoconfiança e até mesmo tomadas de decisões em diversos âmbitos de sua vida.

“O olhar social tem uma contribuição bastante significativa na maneira como as mulheres lidam com esse processo. Ainda são muitos os estigmas sociais e tabus”, afirma a psicóloga oncológica Larisse Cavalcante.

É importante que, durante essa fase, a paciente conte com o apoio de familiares e amigos, além de profissionais especializados que a ajudarão a se adaptar à nova realidade. Segundo a psicóloga, o acompanhamento com um profissional “proporciona um espaço de escuta ativa, de expressão dos sentimentos, pensamentos e elaboração de significados”, explica.

Ela ressalta que a terapia pode ocorrer de forma individual ou em grupo; o essencial é que seja em um ambiente onde a mulher se sinta confortável. “Atualmente, com a expansão das redes sociais, também é possível encontrar espaços de diálogo e troca de experiências no ambiente digital. O mais importante é que cada mulher busque formar sua rede de apoio, tornando o tratamento menos difícil e solitário”, afirma.

Disponibilidade pelo SUS

A cirurgia de reconstrução após a retirada das mamas é um direito constitucional garantido pela Lei 12.802/2013 e pode ser realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o Ministério da Saúde, “quando não houver indicação clínica para a realização dos dois procedimentos ao mesmo tempo, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia assim que alcançar as condições clínicas necessárias”.

A rede pública também oferece acolhimento psicológico para mulheres em tratamento oncológico. Esses serviços são disponibilizados pelo SUS, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em organizações não governamentais.

Além da obrigatoriedade do tratamento na saúde pública, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que os planos de saúde ofereçam cobertura para a cirurgia de reconstrução mamária após a realização da mastectomia.

Outras alternativas

Além da reconstrução mamária, há outras opções que podem ser mais confortáveis e adequadas para a mulher, dependendo de suas preferências e condições de saúde. Algumas optam pelo uso de próteses externas, que podem ser colocadas dentro do sutiã. Outras preferem não realizar nenhum tipo de intervenção estética, optando por um caminho de aceitação de suas novas formas corporais.

Larisse afirma que as escolhas podem mudar ao longo do tratamento e que o mais importante é manter um diálogo aberto entre a paciente e sua equipe.

“Lembre-se de que não existe um jeito certo ou um protocolo a ser seguido. Sua trajetória de vida é única, assim como suas escolhas. Em primeiro lugar, respeite seu tempo e explore os caminhos possíveis”, ressalta a psicóloga.