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O Hospital Geral do Estado (HGE) mantém um importante serviço de enfrentamento e acolhimento a pessoas que apresentam pensamentos suicidas e atentam contra a própria vida. Inaugurado em agosto do ano passado, o Centro de Acolhimento Integrado, Prevenção e Pósvenção ao Suicídio e Autolesão (Cais) tem sido uma importante ferramenta no atendimento às vítimas de tentativas de suicídio e seus familiares.
Em 2024, o HGE identificou 142 casos. Desde total, apenas 43 foram registrados antes da criação do Centro. Com a busca ativa nos leitos da Psicologia e Serviço Social e o reforço do Cais esse número sobe para 99, diminuindo, consideravelmente, a subnotificação de casos na maior unidade de Urgência e Emergência de Alagoas.
Esses índices são apenas a “ponta do iceberg” de uma realidade que já se tornou um problema de saúde pública. O que torna indispensável o engajamento de toda a sociedade no esforço empático de observar, acolher e encaminhar aquele que possui pensamentos que podem levar ao ato extremo.
“É um trabalho árduo, sensível e minucioso, que precisa ser realizado com cuidado, cautela e muita atenção. O medo, a negação e a vergonha são alguns dos motivos argumentados pelo paciente para não reconhecer que tentou o suicídio. Mas, nós queremos dizer a essas pessoas que aqui no HGE podem contar com equipes qualificadas para ouvir, acolher, sem julgamentos, no único objetivo de converter esse mal em saúde e vida”, afirmou a psicóloga Soraya Suruagy.
O comportamento suicida tem início quando o indivíduo considera ser uma saída para o sofrimento e inclui desde pensamentos recorrentes sobre a morte até o planejamento do ato. A partir daí surgem expressões da intenção, podendo ser efetuadas autolesões, com o objetivo de tirar a própria vida, mas sem resultar em óbito. É nesse momento de “tentativas” que o cidadão pode se tornar um paciente do HGE.
“O HGE não é referência para o tratamento psicológico e psiquiátrico. Podemos dizer que é uma unidade de passagem. Quem tentou o suicídio receberá a assistência para tratar a sua saúde e depois receberá alta hospitalar. É nesse período que nós entramos, principalmente para fazer com que a pessoa que tentou o suicídio aceite os nossos cuidados; e sensibilizar os amigos e familiares sobre a importância do acolhimento, afastando julgamentos e rejeições”, explicou a psicóloga.
Junto à alta hospitalar, a equipe especializada do Cais, já articulada com a Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), orienta ao paciente e seus familiares e/ou amigos, a continuar com os cuidados através dos serviços disponibilizados pelo Estado, entre eles: Unidades Básicas de Saúde, Centros de Convivência e Cultura, Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento, infanto-juvenil e adulto. O monitoramento também é feito.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, em todo o mundo. Na população geral, estima-se que para cada morte por suicídio há 20 tentativas, sendo que cinco a seis pessoas próximas, em média, apresentam sofrimento relacionado às repercussões emocionais, sociais e econômicas. A taxa de suicídio entre homens no Brasil é três vezes maior que a de mulheres.
“Incluir no cotidiano familiar oportunidades de diálogo sobre sentimentos, preocupações, expectativas para o futuro, além de compartilhamento de experiências, estratégias de enfrentamento e fragilidades, com oferta de apoio mútuo, são importantes hábitos que precisam ser adotados, bem como manter as rotinas e a estabilidade relacional, podendo ter apoio profissional de um psicólogo ou psiquiatra”, recomendou a psicóloga.
Também é uma estratégia contra o suicídio observar mudanças comportamentais ou sinais de risco entre os membros da família; reconhecer os próprios sentimentos e emoções, observando a presença de pensamentos suicidas ou autolesão; solicitar suporte, sempre que necessário, a membros da rede de apoio social (família e comunidade), bem como a dispositivos e profissionais de saúde; buscar informações sobre saúde mental em desastres; atentar-se ao autocuidado (alimentação, hidratação, sono, atividades físicas, espaços de escuta e partilha de sentimentos).
*Com Assessoria