“O começo do ano traz aquela pressão para recomeçar e atingir grandes metas. A questão é quando carregam altas expectativas e não são realistas, onde as pessoas acabam se sentindo sobrecarregadas ou insuficientes ou geram uma frustração ao decorrer do ano por não conseguir atingir do jeito que queria”, diz a psicóloga clínica Mayara Gouveia.
Ao Eufêmea, ela explica que as expectativas irreais afetam diretamente a saúde mental, criando um ciclo de cobranças que dificulta o equilíbrio emocional. “É importante lembrar que nenhum ‘recomeço’ precisa ser perfeito e que o progresso é construído aos poucos”, destaca.
O que é normal e o que merece atenção
De acordo com Mayara, sentir ansiedade é algo natural e faz parte das emoções humanas. No entanto, o problema surge quando a ansiedade deixa de ser um mecanismo adaptativo e começa a dominar as ações e o corpo da pessoa.
“Ter ansiedade é normal; o problema ocorre quando ela controla seu corpo, em vez de você controlá-lo. Preocupação constante com o futuro e paralisação nas atividades do dia a dia são sinais de alerta. Insônia, tensão muscular, treinamento, dificuldade para focar, assim como sintomas físicos como taquicardia, sudorese e formigamento, são sinais que merecem atenção”, explica a psicóloga.
Ela alerta que, para muitas pessoas, a sensação de cansaço constante ou a dificuldade em relaxar pode ser um sinal de que é hora de compensar as demandas do cotidiano e buscar apoio. “Se você sente que está sempre correndo ou que não consegue relaxar, é hora de reconsiderar suas demandas e buscar ajuda, seja ajustando seu ritmo ou conversando com um psicólogo. Ou você controla a ansiedade, ou ela controla você”, complementa.
Como planejar metas para 2025?
Outro ponto destacado pela psicóloga é a necessidade de planejar metas que façam sentido para cada indivíduo, algo que pode auxiliar na redução da ansiedade relacionada às expectativas do futuro.
“Ter consciência do que você quer alcançar é essencial, pois precisa fazer sentido para você. Criar um plano de ação para isso pode ajudar, como se fossem degraus para o objetivo final”, orienta a psicóloga, que sugere o uso do método SMART como ferramenta prática de organização.
De acordo com ela, o método SMART organiza metas de acordo com cinco variáveis:
- S (Específica): Seja claro sobre o que quer alcançar.
- M (Mensurável): Tenha formas de acompanhar o progresso.
- A (Atingível): Algo possível dentro da sua realidade.
- R (Relevante): Relacionado aos seus valores.
- T (Temporal): Com um prazo definido.
Ela exemplifica: “Ao invés de dizer ‘vou treinar’, pense em algo mais estruturado, como ‘vou fazer 20 minutos de atividade física 3 vezes por semana durante o próximo mês’. Isso torna a meta mais tangível e aumenta as chances de cumpri-la”, diz.
Comparação nas redes sociais
Para Gouveia, um dos fatores que afeta a saúde mental é o uso das redes sociais, muitas vezes relacionadas a comparações que geram ansiedade e baixa autoestima. Ela ressalta a necessidade de compreender o caráter seletivo do conteúdo que consumimos.
“É importante entender que as redes sociais mostram apenas recortes da realidade, muitas vezes destacando apenas o lado bonito. Se você teve acesso aos bastidores, não se compararia da mesma forma. Fazer uma limpeza nas pessoas que você segue e, principalmente, naquelas que você influencia, além de estabelecer um limite de uso, são estratégias eficazes para controlar isso”, afirma a psicóloga.
Mayara também destaca a importância de cultivar a autocompaixão. “Reconheça suas próprias conquistas, por menores que pareçam. Redirecione o foco para o que realmente importa. O que você consome é o que você busca, e o que você posta é o retrato daquilo que decide expor também”, completa.
Um novo começo
Dessa forma, o início do ano é visto por muitos como um momento de recomeços, e a psicóloga defende que esse período deve ser usado para criar novos hábitos e deixar para trás o que não contribuiu no ano anterior.
“Aproveitar o início do ano para fazer um balanço do que passou, avaliar o que deu errado e o que você não quer que continue, é fundamental. Limite os pensamentos e metas ligados ao passado e foque no presente, não que você esteja disposto a recomeçar”, aconselha Mayara Gouveia.
Cuidar de si é central nesse processo, englobando tanto o mental quanto o físico. Segundo a psicóloga, é essencial priorizar as pausas e momentos de descanso. “O tempo de pausa é necessário para se reconectar. Que ele seja de descanso, de diversão, de aventura. Assim como criar uma rotina prazerosa, cuidar do corpo e buscar apoio, quando necessário. É preciso construir uma base sólida”, conclui.
