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Foto: Reprodução/Internet
Você já ouviu falar em fisioterapia pélvica? Embora seja uma grande aliada da saúde feminina, essa especialidade ainda é cercada de dúvidas sobre sua função e benefícios.
Segundo a fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher Renata Sampaio, a fisioterapia pélvica é uma área voltada para a prevenção e tratamento de disfunções do assoalho pélvico. A prática abrange estrutura óssea, ligamentos, fáscias, nervos e músculos, garantindo o funcionamento adequado dessa região essencial para a saúde feminina.

“A fisioterapia pélvica é indicada tanto para a prevenção quanto para o tratamento de disfunções que afetam o assoalho pélvico, como incontinência urinária e fecal, dor pélvica crônica, prolapsos de órgãos pélvicos e dificuldades sexuais”, explica a fisioterapeuta Renata Sampaio ao Eufêmea.
O que faz uma fisioterapeuta pélvica?
A fisioterapeuta pélvica desempenha um papel essencial na identificação e tratamento de disfunções do assoalho pélvico. Para isso, realiza uma avaliação detalhada, que pode incluir exames físicos, questionários e técnicas de imagem. Segundo a fisioterapeuta Renata Sampaio, a partir dessa análise, o profissional elabora um plano de tratamento individualizado, adaptado às necessidades de cada paciente.
“Esse tratamento pode incluir exercícios para fortalecer ou relaxar a musculatura do assoalho pélvico, técnicas manuais, eletroestimulação, biofeedback e orientações sobre hábitos de vida”, explica Renata.
O acompanhamento fisioterapêutico é especialmente importante em casos de pré e pós-operatório de cirurgias pélvicas e abdominais, como histerectomia e prostatectomia. Além disso, a fisioterapia pélvica é altamente benéfica para mulheres no período pré e pós-parto, auxiliando na recuperação da musculatura, prevenindo incontinências e promovendo mais conforto e qualidade de vida.
Tratamento durante a gestação

A professora universitária Thays Ferro, de 36 anos, recorreu à fisioterapia pélvica durante a gestação com o objetivo de preparar seu corpo para as mudanças que estavam acontecendo. “Sabia que poderia ajudar a prevenir e tratar desconfortos comuns durante a gravidez e eu já tinha fatores de risco para incontinência urinária”, explica.
O tratamento foi adaptado às suas necessidades e não causou dor ou desconforto. Com exercícios personalizados, a fisioterapia contribuiu para uma melhora na qualidade de vida durante a gestação, proporcionando mais confiança e preparo para o momento do parto.
Seu parto foi natural e, segundo Thays, a consciência corporal adquirida na fisioterapia foi essencial para que ela se sentisse mais segura e conectada com seu corpo. “Essa consciência me deu mais confiança na minha capacidade de passar por diferentes fases da maternidade”, destaca.
Além da gestação

Além de auxiliar a mulher em momentos específicos, como a gestação, a fisioterapia pélvica também é fundamental no tratamento de disfunções miccionais, como incontinência urinária e “queda de bexiga”, e de disfunções anorretais, como constipação intestinal e incontinência fecal.
Aos 67 anos, Célia Torres foi encaminhada por sua médica para um acompanhamento com uma fisioterapeuta pélvica devido a um quadro de constipação intestinal crônica. O resultado veio rápido: em cinco semanas, ela já notava melhora significativa no funcionamento do intestino.
“O atendimento foi excelente. A profissional me olhou de forma integral, não considerando apenas a minha queixa principal. Recebi orientações importantes, como a melhor posição para defecar e como fazer força de forma correta quando necessário”, conta Célia ao Eufêmea.
Para ela, os benefícios do tratamento vão muito além do alívio dos sintomas. “A fisioterapeuta pélvica tem um papel fundamental na saúde da mulher. Hoje, vejo esse acompanhamento como um verdadeiro investimento na minha qualidade de vida”, destaca.
Quando procurar uma fisioterapeuta?
Se você está gestante ou no pós-parto, se percebe que perde xixi, mesmo que seja só um pouquinho, ou se tem dificuldade em segurar fezes ou flatos (pum), a fisioterapia pélvica pode te ajudar. O acompanhamento também é indicado para quem sente dor durante a relação sexual, está na menopausa, tem dor pélvica constante ou sente a incômoda sensação de uma “bola descendo” pelo canal vaginal.
No entanto, há algumas situações que exigem atenção antes de iniciar o tratamento. Em casos de infecções ou inflamações em curso, sangramento não controlado ou de origem desconhecida, a fisioterapia pélvica pode não ser indicada. Todas as outras condições devem ser avaliadas de forma individual, garantindo um tratamento seguro e eficaz para cada mulher.
Métodos utilizados no tratamento

Os métodos aplicados na fisioterapia pélvica são, em sua maioria, não invasivos e voltados para a reabilitação da musculatura de forma respeitosa e gradual. A fisioterapeuta pélvica e obstetra Gabriella Henrique explica que, na maior parte dos atendimentos, os principais recursos utilizados são as mãos e um espelho.
“Com esses dois recursos já conseguimos ótimos resultados com as nossas pacientes. Como se trata de uma musculatura pouco conhecida e trabalhada, muitas vezes o fator mais decisivo para o sucesso do tratamento é a consciência corporal”, afirma Gabriella.
No entanto, em alguns casos, podem ser utilizados dilatadores vaginais, fotobiomodulação, eletroterapia, biofeedback, vibradores e dilatadores térmicos, entre outros métodos complementares. Apesar da diversidade de técnicas, a fisioterapeuta destaca a importância do acolhimento durante o tratamento.
“O profissional sempre irá respeitar a paciente e suas crenças, garantindo que o tratamento aconteça de forma confortável e sem causar desconforto ou constrangimento”, reforça Gabriella.
Quebrando Tabus
Apesar de ser essencial para a saúde feminina, a fisioterapia pélvica ainda é pouco procurada, mesmo entre as mulheres, que são as mais afetadas por disfunções na região. Segundo a fisioterapeuta Gabriella Henrique, esse cenário está diretamente ligado aos tabus e constrangimentos que cercam o tema, fazendo com que muitas pacientes adiem a busca por ajuda profissional.
“A vergonha de procurar tratamento adequado ou a falta de validação da própria condição pode desencadear uma cascata de consequências negativas. Algumas mulheres deixam de ter relações sexuais por causa da dor, enquanto outras evitam sair de casa por medo e vergonha da perda urinária”, explica Gabriella.
Ela também destaca que é natural que um tema tão íntimo gere ansiedade e tensão, tornando o primeiro contato com a fisioterapia um desafio para muitas pacientes. No entanto, o profissional precisa ter sensibilidade e acolhimento para compreender as necessidades da mulher e garantir que o tratamento aconteça de forma respeitosa, sem desconforto ou constrangimento.