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Farmacêutica fala sobre avanços no tratamento de HIV/Aids e qualidade de vida dos pacientes: “ainda há muito a se desmistificar”

Foto: Arquivo Pessoal

Nesta quinta-feira (1º), acontece o dia Mundial de Luta contra AIDS. Por isso, o Conselho Regional de Farmácia de Alagoas conversou com a farmacêutica Alba Vasconcelos, da farmácia ambulatorial do Hospital Universitário que atende paciente portador de HIV e Hepatite, para falar dos avanços no tratamento desta patologia.

Ela lembra que há 35 anos foi lançando o primeiro antirretroviral: a zidovudina, em 1987, sob o nome comercial de Retrovir®, pelo laboratório GlaxoSmithKline. Em seguida vieram a didanosina (Videx®) em 1991, e a zalcitabina (Hivid®) em 1992.

De acordo com a farmacêutica, os antirretrovirais surgiram para impedir a multiplicação do vírus no organismo. “Eles não destroem o HIV (vírus causador da AIDS), mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico”, disse.

Ao longo do tempo, diferentes estratégias terapêuticas foram criadas através do uso de combinações entre as classes de drogas, permitindo que os pacientes portadoras do vírus tenham melhor qualidade de vida.

“Estamos em constantes avanços no tratamento para HIV. A diminuição da mortalidade pela AIDS e a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV(PVHIV), são provas desse avanço”, disse.

Alba pontua que o zidovudina, popularmente conhecida como AZT, causava diversos efeitos colaterais que dificultavam a adesão do paciente. Atualmente, o tratamento é feito por uma terapia combinada de vários fármacos de classes terapêuticas diferentes, com diversas opções de associações, utilizadas de acordo com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

“Esse tipo de terapia combinada, dificulta o surgimento de mecanismos de resistência do vírus, levando a uma maior eficácia do tratamento e diminuição de falhas terapêuticas, além disso eles apresentam menos efeitos adversos e toxicidade”, afirmou.

De forma geral, os efeitos mais comuns são dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia, sonolência ou insônia, e que podem diminuir cerca de duas a três semanas após o início do tratamento. A farmacêutica explica que a posologia mais simples dessas terapias, com menor frequência diária e menor número de comprimidos, favorece consideravelmente a adesão dos pacientes, que é de fundamental importância para o sucesso do tratamento, podendo levá-los a ter cargas indetectáveis do vírus, diminuindo e até evitando a transmissão.

“A escolha do tratamento é feita pelo médico infectologista, de acordo com o PCDT, estados fisiológico e clínico dos pacientes, faixa etária, entre outros fatores. Hoje já existem tratamentos consideravelmente seguros para uso durante a gestação, prevenindo assim a transmissão vertical do vírus”, pontuou. Durante a fase de amamentação, a mãe deve suspender o tratamento.

Distribuição gratuita

Em 1987, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de DST e AIDS e em 1991 dá início à distribuição gratuita de antirretrovirais. A ampliação do acesso tanto ao diagnóstico, com o aumento das testagens, como aos medicamentos, disponibilizados gratuitamente nos serviços de saúde do SUS, possibilitam diagnóstico e tratamento precoces, com impacto positivo na qualidade de vida de PVHIV.

Outra grande conquista é a introdução da PreP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), que significa tomar medicamento anti-HIV de forma programada. Alba revela que esse é um novo método de prevenção ao HIV que está sendo disponibilizado no SUS e que ajuda a evitar uma infecção do HIV, caso este paciente tenha exposição ao vírus. Este tratamento têm tido acesso ampliado em nosso Estado.

A Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (Prep), é disponibilizada em serviços de urgência e emergência, UPAS e Hospital Dia.

“Ainda há muito a se desmistificar sobre o HIV e pessoas vivendo com HIV, a qualidade de vida, a interrupção da transmissão são fatos totalmente possíveis, a equipe multidisciplinar envolvida na rede de atendimento a esses pacientes, tem contribuído demais nos avanços dos resultados alcançados e o farmacêutico ocupa sem dúvidas um papel de destaque nesse cenário”, garantiu.

Transmissão

A transmissão do HIV ocorre por meio de relações sexuais sem proteção, objetos perfurantes (como agulhas contaminadas), transfusão de sangue e de mãe para filho durante a gravidez, no parto ou na amamentação, quando não é feito o tratamento adequado.

Não há cura para o HIV, mas se as orientações forem seguidas da maneira certa podem resultar no controle da infecção e na diminuição da carga viral no organismo para um nível denominado indetectável, o que significa que o vírus pode deixar de ser transmitido. A pessoa soropositiva pode não desenvolver Aids se realizar o tratamento adequado.

*com Assessoria