Não há vida sem dor. Ao nascer um dos primeiros sinais indicativo, que nos diz que aquele ser chegou com vida é o choro, que é uma das formas mais naturais de expressão de dor ou desconforto.
Antes de falarmos, tudo que conseguimos para expressar que algo não está bem era chorar. No entanto, a medida que a criança vai crescendo começa a ser ensinada outras formas de demonstrar suas dores ou frustrações e isso é sim importante, porém, em algum momento passamos a mostrar que a expressão genuína de dor através do choro é inconveniente, desagradável ou até intolerável. E é assim que aos poucos o choro passa a ser internalizado, introvertido, literalmente engolido.
A não naturalização da expressão de dor vai se estendendo, à medida que compreendemos ser necessário expressar controle emocional, agora precisamos ser fortes, corajosos, autossuficientes. Então de repente nos deparamos com um “bem-vindo a vida adulta”!, onde teoricamente não precisamos mais ser cuidados e afagados por nossas dores, assim passamos a não demostrar nossas dores e emoções.
Olhamos para o lado e vemos pessoas que parecem fortes e bem resolvidas, e temos vergonha de não sentir o mesmo, então optamos por disfarçar. “Ninguém pode saber o quão frágil sou”. E no fim, todos de alguma forma sofrem, todos temos faltas, dores, medos e muita vontade de chorar como a criança ao nascer.
A questão aqui é que viver dói sim. E quem sente dor quer chorar, quer ser consolado e compreendido e todos nós, invariavelmente, em algum momento sentimos essa necessidade. Mas a retaliação social faz com que escondamos muito bem isso.
As consequências é que além de um adoecimento emocional criamos a ilusão de que “todos são fortes menos Eu!”. O que torna esse um adoecimento coletivo de pessoas que se sentem solitárias em suas dores, sem imaginar que muitos podem estar sentindo o mesmo ou até mais.
Compreender que não estamos sozinhos nos tira dessa zona de defectividade. Você não é o único que sofre! Que sente vontade de chorar! Então para nosso bem e de todos dessa humanidade, CHORE!!!! Seja corajoso, não tenha medo dos olhares críticos, não sinta-se envergonhado chorar e natural e precisamos fazer nossa parte para devolver para nós mesmos esse direito de expressão genuíno.
Choro alivia o corpo, a alma, chorar é curativo e só após essa cura podemos voltarmos para o lado bom é lindo da vida.
“ Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que não dá um segundo
Há quem fale que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver”
(Selma Reis)
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