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Endometriose: 50% das mulheres com a doença podem ter infertilidade, alerta ginecologista

Foto: Carla Cleto

Cólicas fortes, dores durante a relação sexual e problemas para engravidar são alguns dos sintomas da endometriose, doença ginecológica que afeta uma em cada dez mulheres. Na Semana Internacional da Luta contra a Endometriose, a ginecologista do Ambulatório de Endometriose do Hospital da Mulher (HM), Karina Lucena, alerta que cerca de 50% das pacientes com diagnóstico de endometriose podem ter infertilidade.

Por esta razão, a ginecologista recomenda que as mulheres atentem para o diagnóstico precoce, para que o problema possa ser tratado em tempo oportuno. Isso porque, segundo Karina Lucena, se não tratada, a doença pode atingir outros órgãos do corpo.

 “Existem focos que saem da cavidade uterina e vão para outras regiões; como ovário, bexiga, reto e vagina, e isso ao longo dos anos vai comprometendo a qualidade de vida da mulher. Devemos ver a doença como um problema de saúde pública, porque a paciente tem um problema na sua qualidade de vida, na sua sanidade, principalmente, na questão psicológica”, salienta Karina Lucena.

 Conforme a ginecologista do HM, por ser uma doença inflamatória crônica, cujos sintomas são comuns, ela acaba sendo negligenciada nas consultas de rotina, mas pode trazer sérios prejuízos à saúde da mulher, principalmente no tocante à reprodução. “É muito importante a realização de exames preventivos”, ressalta.

O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, destaca que o Ambulatório de Endometriose é um divisor de águas no Sistema Único de Saúde (SUS) para as mulheres que sofrem com a doença.

“Sabemos da importância do diagnóstico precoce, assim como o tratamento, para todas as alagoanas acometidas pela doença. E com o serviço estamos acelerando a fila de atendimento, otimizando o tratamento adequado para cada paciente”, disse o gestor da saúde estadual.

 Ambulatório de Endometriose

Karina Lucena comemora o fato de Alagoas contar, agora, com o primeiro Ambulatório de Endometriose da Rede Pública de Saúde, inaugurado há dois meses no HM, situado no bairro Poço, em Maceió. Desde a sua inauguração, no dia 8 de março deste ano, o serviço já registrou 96 atendimentos.

 O Ambulatório de Endometriose oferece aos pacientes atendimento multiprofissional, com uma equipe formada por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e nutricionistas. O acesso ao serviço se dá pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), gerenciadas pelas secretarias municipais de Saúde, que realizam o agendamento por meio do Sistema de Regulação Estadual (Sisreg).

Identificação e Tratamento

Entre as beneficiadas pelo serviço está a moradora do bairro Gruta de Lourdes, em Maceió, Alessandra Castro, de 30 anos. Ela foi diagnosticada com endometriose profunda há um ano, mas os sintomas da doença iniciaram ainda na adolescência. 

“Sempre senti dores intensas durante meu período menstrual e, mesmo passando por alguns médicos, nunca descobriram o que provocava tantas dores. Sentia muitas dores na parte pélvica, daí, no ano passado, durante atendimento em um posto de saúde, eles me encaminharam para fazer um exame de ressonância, pois na ultrassom não mostrava o que poderia estar provocando minhas dores. Após esse exame fui diagnosticada com endometriose profunda, quando ela já se espalhou para outros órgãos”, explica a paciente.

Devido à demora no diagnóstico para o tratamento adequado, Alessandra Castro passará por uma cirurgia de histerectomia total. Mãe de dois filhos pequenos, ela relata o alívio de poder iniciar o tratamento e viver uma vida sem dores.

“Hoje após a consulta aqui no Ambulatório de Endometriose do HM, descobri que, mesmo após a cirurgia, irei ter que continuar tomando a medicação, pois a endometriose nunca sairá de mim, sempre terá focos nas outras partes, mas, pelo menos, conseguirei levar uma vida mais tranquila sem dores. Estou com a expectativa alta e sei que dará tudo certo”, comemora.

A ginecologista Karina Lucena, explica que o serviço realiza a parte clínica, fazendo a triagem das pacientes com os sintomas para poder direcioná-las ao tratamento clínico ou cirúrgico.

“No tratamento clínico, podem ser indicados analgésicos, anticoncepcionais e DIU hormonal. Caso a paciente não obtenha uma resposta aceitável ou já apresente nodulações em regiões com risco de obstrução, é preciso considerar a cirurgia. Por isso, é importante o pioneirismo do HM para ajudar muitas mulheres com esse problema e orientá-las a lidar com ele durante a sua vida”, ressalta

*com Assessoria