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“Me senti um lixo, destroçada, me senti humilhada e enganada. Cheguei a sentir raiva de mim mesma por ter confiado nele e fiquei muito mal”, declara Rafaela Maria, 34 anos, vítima de um aborto sem consentimento provocado pelo médico Erivelton Teixeira (PL), atual prefeito de Carolina, no Maranhão.
A acusação também é feita pela Polícia Civil e o Ministério Público do Tocantins, em um processo em que Erivelton Teixeira Neves (PL) já é réu e que investiga o aborto ocorrido em um motel de Augustinópolis, no Bico do Papagaio, em 2017.
Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) aceita pela Justiça do Tocantins, a vítima e Erivelton tinham um relacionamento amoroso com idas e vindas, principalmente quando ela descobriu que ele era casado.
“Iniciamos o relacionamento em 2010 e ficamos durante três anos. Foi quando eu descobrir que ele era casado, então me separei dele. Depois de um tempo, conheci outra pessoa e, quando nos separamos, Erivelton voltou a entrar em contato comigo e aí foi quando reatamos. Terminamos novamente quando ele fez a aborto em mim”, relata Rafaela, ao g1.
Após o aborto, Rafaela denunciou o caso à polícia e, segundo ela, passou a ser perseguida com fake news e ameaçada. Atualmente, ela mora fora do país, como medida de segurança.
“Erivelton foi reeleito mesmo depois da história sair em alguns lugares. Eu sempre saí como a mentirosa e oportunista. Agora eu moro fora do país porque, no Brasil, eu já não estava segura”, contou.
Crime teve ajuda
Quem também virou réu no crime é Lindomar da Silva Nascimento (PL), que teria participado do aborto. Atualmente, Lindomar é vereador em Carolina e na época trabalhava como motorista de Erivelton. Rafaela guarda mágoas até hoje de como ele se ‘deu bem’, mesmo após o caso.
“A minha revolta em relação ao Lindomar, foi ele ter crescido na vida a custa da cumplicidade dele nesse crime. Lindomar era motorista do Erivelton e, pouco tempo depois, ganhou uma secretaria na Prefeitura e hoje é vereador. Tudo por conta da sua participação no crime”, declara.
O que aconteceu no dia do crime
No dia 2 de março de 2017, por volta das 11h, Erivelton teria buscado a mulher em casa e disse que faria um exame com um aparelho de ultrassonografia portátil. Eles seguiram para o motel de Augustinópolis.
No local, ele pegou uma maleta e disse que tiraria sangue de Rafaela para a realização de exames. Porém, ele injetou um sedativo. Ela perdeu a consciência e ele fez o procedimento de curetagem com a ajuda de Lindomar.
No fim da tarde, eles teriam deixado a vítima em casa, sozinha, mesmo estando com a saúde debilitada por causa do procedimento.
No inquérito policial sobre o caso, que o Jornal do Tocantins teve acesso, há prints de mensagens trocadas entre a vítima e o vereador Lindomar por meio de um aplicativo de mensagens, logo após ser deixada em casa. Aparentemente ela teve resposta do médico e pedia ajuda para Lindomar, que mediava o contato entre eles.
Rafaela cita na conversa que ele fez o aborto sem o consentimento dela e que estava sentindo muita dor e com medo. Lindomar teria dado orientações sobre medicação e alimentação e que não era para a vítima se preocupar, pois os sintomas eram ‘normais’, segundo informação do Erivelton.
O juiz Alan Ide Ribeiro da Silva, da 2º Escrivania de Augustinópolis aceitou a denúncia no dia 20 de abril e os suspeitos vão responder pelo crime de provocar aborto sem o consentimento da gestante. A pena pode variar de três a dez anos de prisão.
Em nota, a defesa de ambos disse ao Fantástico que eles não foram notificados da ação penal e que tem total confiança em um veredito justo.
*com G1